Há mais de 25 anos pesquiso sobre traições, espancamentos e assassinatos cometidos por parceiros amorosos ou sexuais contra mulheres.
Em todos os casos algumas circunstâncias se repetiram:
-As partes se conheciam há bastante tempo
-Mantiveram relacionamento por vários anos
-As agressões, sejam elas comportamentais, verbais ou físicas, foram aumentando gradativamente
-Logo após o ato abusivo ou violento, o homem mostra-se arrependido e promete mudar, se torna mais carinhoso e atencioso por breve período
-A mulher relevou ofensas recebidas porque acreditou que o parceiro fosse melhorar o comportamento
Podemos dizer que tratam-se de “tragédias anunciadas”; todo mundo enxerga o problema, menos a mulher que está no relacionamento.
Mas por que isso acontece? Podemos elencar alguns fatores:
1) Carência Afetiva: é como diz o ditado antigo: “Ruim com ele, pior sem ele”.
2) Baixa Autoestima: o parceiro, mesmo não sendo o modelo de homem desejado, acaba servindo de muleta para a mulher.
3) “Estou acostumada com as grosserias dele”: o velho jargão popular diz que “o hábito faz o monge”. O ser humano é capaz de se acostumar com o sofrimento e ainda sentir falta dele. É como aquela música detestável que o vizinho insiste em tocar e depois de algum tempo você se vê cantarolando… é mais ou menos assim que acontece.
4) Dependência Financeira: acontece muito com mulheres de baixa renda ou com as que são sustentadas pelo parceiro.
5) Dependência Emocional: a relação é tão doentia que a mulher se torna dependente das grosserias e abusos do homem.
6) Atração Fatal: a base do relacionamento não é o carinho e o amor e sim o perigo e até a violência.
7) “Eu sou culpada por tudo que aconteceu”: muitas mulheres relevam os abusos pois se acham culpadas pelo evento. É mais ou menos assim:
“Ele me traiu pois não sou atraente”
“Ele tem razão em explodir comigo, pois não tenho dado a atenção que ele merece”
“Eu não faço tudo que ele gosta, por isso ele age assim comigo”
As estatísticas não mentem:
80% das mulheres que registram queixas de ameaça, agressão verbal ou física em delegacia de polícia, não dão prosseguimento ao inquérito, ou seja, no momento de raiva ou medo exigem a lavratura do Boletim de Ocorrência, mas em seguida desistem.
Em 1997, Bill Clinton era presidente dos EUA e foi pego com a “boca na botija”. Como a lei americana não perdoa a mentira, Clinton admitiu o envolvimento com Monica Lewinski, estagiária da Casa Branca. A esposa Hillary Clinton, não apenas perdoou o marido, como ficou ao seu lado quando ele depôs judicialmente sobre o caso. E eles continuam casados até hoje.
CONCLUSÕES:
Quem traiu, pode trair de novo!
Quem lhe agrediu de alguma forma, poderá ser mais contundente da próxima vez.
A quase totalidade das mulheres assassinadas por seus parceiros, teve diversas oportunidades de reconhecer, durante o relacionamento, sinais exteriores de violência, mas pelos motivos já expostos neste artigo, relevaram, aceitaram e resolveram dar a segunda, terceira, quarta…enfim, ofertaram inúmeras chances, até que veio o dia fatídico.
Não poderia deixar de dizer que ao perdoar qualquer tipo de violência, seja ela física ou verbal e também a traição, o problema sofrido não desaparece como num passe de mágica. É óbvio que o sentimento de dúvida ou o medo permanecem rondando os pensamentos por longo tempo ou mesmo por toda a vida, gerando na pessoa paranoias e outros males psicológicos. Com isso, o relacionamento tende a piorar…e piorar…….
O final… O leitor já sabe!