Denominações em rótulos de vinhos, às vezes, são muito complexas e muitos consumidores não fazem a menor ideia do que estas palavras significam. Possivelmente, você já se perguntou ou conhece alguém que tenha dúvida sobre a diferença entre vinho reserva e reservado. E na coluna de hoje você vai entender a diferença entre esses termos, para assim, não correr o risco de comprar um produto inferior baseado em uma qualificação que você desconhece.
O termo “Reserva” geralmente indica um vinho que passou por algum período de amadurecimento em barris de carvalho e envelhecimento na própria garrafa. Estes processos, quando realizados de maneira criteriosa, trazem inúmeros benefícios ao vinho, principalmente aqueles que, ao término da vinificação, encontram-se muito ‘duros’ e precisam ser ‘amaciados’ antes de serem consumidos.
O estágio em barris de carvalho contribui para que o vinho adquira aromas, sabores, estrutura, longevidade e também para que reduza ou equilibre a acidez e a adstringência. Após o período de amadurecimento, os vinhos são engarrafados e, em alguns casos, os produtores deixam a bebida repousando em suas caves por alguns meses ou até anos antes da comercialização.
Cada país produtor tem a sua própria regra de denominação, com leis próprias, ou não, para cada especificação. Na Espanha, por exemplo, onde um vinho tinto que esteja submetido à legislação em vigor só pode ter em sua classificação o tipo “Reserva” se for envelhecido no mínimo durante três anos, sendo que o primeiro ano deve ser, obrigatoriamente, em barris de carvalho. O Gran Reserva, por seu turno, deve ter um envelhecimento de um mínimo de cinco anos, sendo dois deles em barris de carvalho. O uso da nomenclatura é fiscalizado e sua aplicação indevida é punida por lei.
Na Itália, o vinho classificado como “Riserva” é que está no mesmo patamar do vinho espanhol, mas com uma sutil diferença: são cinco anos de envelhecimento, com três deles em barris de carvalho. Os rótulos, desta forma, devem ser entendidos conforme o local de produção, mas não há uma regra que seja comum a todas as origens.
Em Portugal, denominações como “Reserva”, “Reserva Especial” ou expressões similares não têm determinações nas leis, mas quando produtores estampam estes títulos em seus rótulos, às bebidas são diferenciadas. Assim como na França, que utilizam as denominações “Cuvée” e “Reserve” para demonstrar uma bebida superior ou lote especial.
Já no Novo Mundo, o termo Reservado é destinado aos vinhos produzidos em grande escala, visando um apelo comercial e não de qualidade. A necessidade de aumentar as vendas nesses países criou uma classificação que para os leigos induz qualidade, mas, na verdade, serve para ludibriar os consumidores. O termo “Reservado”, muito utilizado no Chile, significa um vinho simples, sem estágio em barricas de madeira, frutado, sem complexidade e normalmente considerado vinho “de entrada”, ou seja, a linha mais barata da vinícola. Diversos vinhos “Reservado” não figuram nos sites da própria vinícola e sequer são vendidos onde são produzidos, pois são exportados para países onde o rótulo confunde potenciais consumidores, pois trata-se de um termo, no mínimo, impreciso.
Os vinhos Reservado são os vinhos de entrada e, consequente, os mais baratos. Os produtores não podem dizer que é o pior vinho, o mais comum, então eles chamam de Reservado. Como não há nenhuma legislação, qualquer vinho pode ser chamado assim. Normalmente, são exportados para o Brasil, Estados Unidos e Inglaterra. Essa denominação se aproveita da falta de conhecimento do consumidor. Uma verdadeira armadilha para quem não sabe a diferença.
Atualmente, os consumidores de vinhos leem mais sobre o assunto, procuram cursos e palestras e, além disso, têm aplicativos no próprio telefone que os ajudam na hora da compra. Uma dica muito válida é avaliar o produtor e, se não conhecer, ao menos ter um indicação de um profissional na área.
Assim, é preciso ter atenção aos critérios de cada vinícola e ficar atento a sua reputação, pois o tratamento dado a um vinho “Reserva” por certo produtor, no que se refere ao uso de barricas e tempo de estágio em adega pode ser completamente diferente de outro na mesma região. Uma vinícola pode colocar o termo Reserva de Família, ou mesmo Reserva Especial, classificando um vinho cuja produção é totalmente diferente dentre as demais de sua marca sem que isso seja objeto de uma norma administrativa ou legal.
Para simplificar:
Nos vinhos do Novo Mundo, seguindo uma ordem de classificação de qualidade dos vinhos, do pior para o melhor, a lista se inicia com o “Reservado”, depois “Varietal”, “Reserva”, “Reserva Especial”, “Gran Reserva”, “Edição Limitada”, ou “Reserva da Família”.
Uva de hoje
Riesling – É a uva clássica da Alemanha, que chama a atenção pela riqueza em aromas e sabores, sendo considerada uma das uvas mais aromáticas do mundo. Seus vinhos podem ser produzidos em diferentes níveis de doçura, de vinhos secos a extremamente doces, sempre com altos níveis de acidez. Quando elaborados por grandes produtores, os vinhos da uva Riesling são aptos ao envelhecimento em garrafa por longos anos.
Estilo de vinho: Branco aromático floral, de corpo leve a médio, seco ou doce, com aromas de frutos verdes e cítricos (pera, maçã verde), frutos de caroço (damasco, pêssego), flores (brancas, rosas), mel, petróleo e borracha, tem acidez alta e harmoniza com caranguejos, frango, porco, peru, frutas secas, comida indiana, comida tailandesa. Seus principais produtores: Alemanha, Austrália, França, Suíça e Áustria.
Respostas de 2
Muito legal a página, sou leigo quando o assunto é vinho mas já um apreciador dessa bebida dos deuses.
Texto muito bem explicado, em mínimos detalhes. Lendos todos os artigos a partir de hoje…
Abraços fraternos.
Gratidão
Fico muito feliz que tenha gostado da matéria Rodrigo, o vinho é muito apaixonante. Muito obrigada e aguardo você na próxima. Abraços