Havia tanto sentimento naquele olhar que me atravessava…

Me despia sem querer,

Afrouxava minhas amarras e as resistências impostas pelo escudo invisível da mente

Despretensiosamente,

Baixava minhas guardas!

Todas as minhas defesas ingênuas e inexperientes se rendiam ao sorriso discreto e audacioso daquele homem

Forasteiro do velho mundo, antigo em mim e tão desconhecido.

Ele me veio de repente, numa tarde destas, sem frases prontas, sem planos rasos, nossos risos altos, desembaraçados, sem esforços…

Veio devagar cruzando as avenidas, beco a beco, passos firmes por todos os meus labirintos.

Suspirei profundo!

Tantas voltas dei nos arredores da minha vida…

Me protegi e me perdi tantas vezes tentando me encontrar.

Noutro tempo ajustei minhas rotas, revi as coordenadas, comandante do meu navio achava-me “mãos no leme”…

Ah, vida!

Olhando para fora, muito ocupada em demarcar meus territórios, esqueci do que acendia a minha luz, meu farol…

Naquele instante improvável todas as mulheres de minha existência vibraram na minha carne.

Despertei.

Entre a alegria tímida dos recomeços e a liberdade deliciosa das permissões eu desejei sem

Censuras

Minha paz,

O amor,

Outra vez,

Outra voz!

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Imagem: Arquivo pessoal da colunista

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