Para que servem os sonhos se não para dar cor à vida e nos acordar, emprestando-nos o milagre da manhã?

Sonhos são os temperos de nossa alquimia diária, os  tons da paleta que escolhemos para tingir o caminho que traçamos, desenhos com os quais imprimimos nossas marcas nas paredes do mundo, em nossos telhados de vidro e nos girassóis que persistem a beira da estrada.

Nos anos todos de minha vida já transferi, do peito às mãos, alguns deles.

Vivi a materialização do que pulsava aqui dentro e vi florescer.

Assumo que em alguns trechos da minha escalada protelei o que ardia em mim em benefício do outro. Abri mão, adiei, acabei por guardar nos bolsos alguns desejos para ser combustível na história alheia.

No entanto, hoje, quando me sento em meus próprios calcanhares, à base de minha solidez, e uno as mãos para me conectar com o Pai agradeço a coragem de todos os recomeços que até aqui me propus e alimento a chama que me habita iluminando cada sonho.

Eles estão aqui para me lembrar do quanto estou viva e de que todas as mudanças de rota valeram a pena.

Minha voz que comunica e acolhe, as páginas do livro que escrevo; as personagens para as quais dou vida em cada novo cenário e, cada uma das sementes  que fielmente e, a contragosto das tempestades, rego e cultivo, todas as manhãs.

Aprendi a ser sol quando fecha o tempo, a deixar fluir, através de mim, todo sentimento. Doce ou amargo.

E que a nova era traga o amor que une as mãos e as vidas; a prosperidade e a abundância que me possibilitam as realizações; a saúde plena que nutre a matéria que me veste e a harmonia que faz deslizar com fluidez e naturalidade  as águas deste meu rio.

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