Quer saber há um comportamento bem chatinho sendo exercido por aí…
Se a pessoa trabalha muito é workaholic, bitolado, frio e materialista…
Se não ta trabalhando é corpo mole, ocioso, preguiçoso, vida fácil… procrastinador.
Se tá casada: “Ô vidinha mais ou menos! Aquela ali vive de aparência… só pode! Casada com aquele cara há 10 anos. Coitada! .”
Se tá solteira: “Meu Deus! Deve ter mil defeitos! Ou é exigente demais ou muito disponível… não casou, não tem filhos….”
Se tá magra “só pode estar doente. Emagreceu tanto de repente…”
Se a pessoa ta mais gostosa: “ah… engordou muito! Deve comer o dia todo! Não se cuida… se entope de doces, refris… Viu a quantidade de celulite e estrias que ela desfilou esses dias na piscina? Precisando malhar urgente!”.
“E aquela mulher querendo casar com outra? Viu a declaração de amor que ela fez?”
“E aquele casal que chama o cão de filho? Ô gente louca ! ”
Ô língua viperina desse povo! Que mentalidade jurássica de quem parece não ter nada pra fazer na vida a não ser ocupar-se com a vida alheia. E julgá-la, sobretudo!
Noutra ponta o politicamente correto… acho que descambamos…perdemos a mão…num exemplo bastante simples para um dia de chuva e feriado nacional, (como figura da linguagem pra essas minhas palavras) observo a minha sacada e a chuva caindo…Mesmo sem festa, sem comida e amigos ela foi promovida à Varanda Gourmet. Que maravilha!
Rótulos e julgamentos aos montes!
Todo mundo especialista em quase tudo.
A vida nas redes é caldeirão com dendê: quem tem mais grana, mais fama, quem anda com quem, que tá mais IN, quem viralizou, quem foi cancelado, quem a gente precisa incluir ,com quem estar, o que curtir, o que comentar, como dar bom dia, como mostrar a vida ou representar a vida que não se leva!
A vida que não se tem!
Bléh!
Como disse Umberto Eco em sua ultima obra, Numero Zero, estamos nos acostumando a perder o senso de vergonha… Cada um fala o que quer, como quer, para quem quer. E o tal do Respeito vai ficando ali, na gaveta das desumanidades…
Massacrado por nossa sociedade atualmente doente, carente, oportunista.
Ai me bate uma quase saudade de quando éramos crianças… livres, desprendidas, des –regradas, desprovidas de maledicências…
Feliz então o dia destas crianças que ainda nos habitam!
E de nossos filhos,
E da nova era…
E que elas nos amoleçam, nos ensinem leveza, amor e mais, muito mais empatia e respeito.
Salve 12 de outubro!
Foto: Pixabay
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