Já se olhou no espelho hoje?
Sim, é claro! Você acordou e foi lá lavar o rosto e escovar os dentes para iniciar mais uma jornada.
Na verdade, minha pergunta quer levar você a dar a resposta (a si mesmo) para além da imagem que refletiu no espelho pela manhã.
Para além dos cabelos que penteou, da pele, dos dentes. Para além da maquiagem ou da barba que fez. Ou não fez.
Essa provocação vai para além dos quilos que eliminou ou pretende. Para além das roupas que veste.
Sidney Sheldon em “Um estranho no espelho” – livro que li ainda bem jovem, disse:
– “Se você quiser se encontrar não se olhe no espelho. Lá há apenas uma imagem. Um estranho.”
Este olhar ao qual me refiro passeia pelas palavras do autor.
É justamente aquele que muitas vezes não queremos exercitar.
Tipo o olhar que invade quando, por exemplo, tentamos ler o alguém pelo qual nos apaixonamos… Olhar que atravessa e viaja até o mundo interior….para os nossos labirintos, esconderijos, submundos.
Muita gente mora lá com você.
Teus anseios, teus sonhos… teus fracassos, medos e inseguranças, como também cada uma das personagens que viveu com você desde que você chegou a esta terra. E boa parte das histórias de casa uma também.
Como humanos que somos permitimos que essa gente toda viva em nossa mente, em nosso coração, em nosso subconsciente.
Há por lá quem seja tão precioso que a gente nem quer que saia. Arruma um quarto bem aconchegante e pede para ficar, sem restrições. E nutrimos isso a partir de nossas emoções… de nossas ações.
Algumas personagens estão ultrapassadas. São antigas em nós. Moram em nossos escombros. O afeto já perdeu a validade, mas como hospedes eternos permanecem andando pela nossa “casa” tal qual fantasmas vagando em imóvel abandonado.
Nem sempre conseguimos encontrar as portas corretas de saída e pedir-lhes gentilmente que se retirem. Que levem seus pertences e todo o lixo que produziram durante anos. E que permitimos produzir.
Quando a gente se permite olhar para dentro, revistamos uma por uma de nossas famigeradas visitas É bem verdade que a grande maioria delas talvez nos agrade a companhia. Daquelas que nos fortalecem, animam, alimentam e, naturalmente, encontrá-las em nossos cômodos nos traz alegria. Elas nos auxiliam na produção do bom hormônio, nos dão prazer. Inundam-nos com vida!
O corpo sente, a gente incorpora à vida e caminha de mãos dadas.
Acontece que aqueles hospedes que ainda nos habitam e que, na teoria, julgávamos já ter acenado em despedida, continuam apresentando seus boletos de locação em dia… Produzindo sentimentos, ações e, também com eles, caminhamos de mãos dadas.
Este é o ponto! A reflexão que proponho nestas linhas é para que encaremos o espelho.
Para que façamos uma caminhada atenta por nossos corredores a fim de encontrar o que e quem deve partir.
Desapegar de todos: personagens, pensamentos e emoções que sucumbiram e que não estão mais a serviço de nosso crescimento, da alegria em viver, da sanidade e lucidez da qual necessitamos. Que não servem mais à realidade que vivemos.
Arme-se com amor próprio. Reúna todos os recursos que tem, abra cada uma das portas antes ocupadas e convoque a sua artilharia: o respeito, a coragem, a força, a fé que em ti habita para limpar a grande casa. Desaproprie das suas terras todo hospede indesejado e convide seus sonhos para morar.
Dê a eles os melhores aposentos, dê a você mesmo a suíte presidencial.
Que então a partir deste ponto ao se olhar no espelho possa enxergar a tua grandeza. Você é o dono (a) da pousada, o rei /rainha do castelo.
Perceba que você tem as chaves de todas as portas.
E que para habitar o teu Universo precisará do teu convite.
Olhe-se.
Ame-se.
De valor a cada um dos teus passos.
A mudança esta em suas mãos.
Acredite!
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Imagem: Arquivo pessoal da colunista – edição Rachid