Empoeirados pelos tempos em que corria, livre…
Menina desavisada, tranças e sardas a embelezar minha inocência.
Naquele tempo, o assoviar dos passarinhos que furtavam pequenas porções da goiabeira do meu quintal, coloriam com graça e beleza minhas horas vãs.
Eu podia tudo. Transportava-me de um canto ao outro do mundo em apenas um segundo.
Vestia-me de princesa e acreditava nisso.
As ruas (e a segurança) de caminhar por elas, acolhiam nossas infinitas brincadeiras e, de casa em casa, íamos aumentando o exercito de amigos.
Eram nítidos os sorrisos sinceros e despretensiosos da minha gente.
Eu adorava acelerar minha bicicleta para sentir o prazer de ter o vento beijando os meus cabelos
Estudar era meu compromisso e dançar, minha expressão máxima de liberdade.
Voava na ponta dos pés, numa sincronia perfeita entre corpo, alma e música.
Eu via graça em tudo e tudo, de fato, tinha graça.
Olhando através desta janela onde se encontra a minha infância, vejo uma menina feliz. Visceral e intensa, sobretudo.
Ah, sim! Sempre fui intensa com tudo em que meti minha cara (e coragem), e com cada pessoa que acreditei amar. Hoje, mulher, mãe e um pouco mais experiente, sinto saudades das goiabas, dos pássaros, do vento, dos movimentos graciosas nas pontas dos pés, dos amigos de sorriso largo, e de tudo o que minha infância me permitiu sentir.
Meus sapatos estão velhos, mas meu tempo atual é nobre e recai sobre mim com a proposta de leveza daquela menina e, com o impagável gosto bom de quem sabe colecionar sonhos.
Venha, minha vida! Nosso novo ciclo começa agora.
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