Um colo

Há um colo assertivo que cabe em cada instante…

Lembro com saudade, do colo da minha mãe.

Ele não vinha fácil, mas não me falhou nos momentos mais difíceis da minha juventude. Era um colo com poucas palavras e, geralmente, vinha acompanhado de um leve cafuné. Eu recebia e entendia o gesto, permeado de silêncios…

Há o colo de alguns poucos, porém bons amigos que passeiam lindamente pela diversidade entre si… há aquele que sorri e chora com você, faz discursos intermináveis e defende tua dor como própria.

Aquele que apenas sorri e que por não saber ser além do sorrir sussurra mansinho que “ tudo vai passar” e te relembra o quanto já caminhou: “ Você aguenta”.

Há colos afetivos que estão escondidos em cada história de amor, em cada novo bem querer, ou nos ex contos do “para sempre”.

Há gente que não sabe ser colo nem escuta porque a necessidade de acionar sua utilidade é maior e por isso carregam quase que uma cartilha para a resolução do problema em questão.

Pessoal de Marte (evidente que há exceções) age meio assim… embora quase nunca a gente precise da solução em si. A gente só quer mesmo é o afago. Aquele olhar que desperta em nós a nossa força genuína…e naturalmente a gente respira fundo, se sente abraçada, ouvida … “ Está tudo bem. Eu estou bem aqui, ao seu lado”.

Do meu pai eu tive colos intermináveis…. Não os físicos, porque ele não tinha estas referências. Não foi criado assim. Mas, o colo afetuoso, moral, emocional! Fosse qual fosse a minha questão, ele me ouvia sem interrupções e, ao final, sempre dizia: “Filha, me importa a sua felicidade. Faça sua escolha. Eu estarei contigo.”

Baita colo.

Hoje, meu pai tem Alzheimer e, toda a vez que estou com ele reinvento mecanismos dos mais estratosféricos para que ele sinta meu amor e saiba quanta diferença fez em minha vida simplesmente sendo a figura tão humana que foi e É.

Há também o colo de filha e eu tenho o privilégio de experimentar este.

Ele vem em bilhetes pendurados pela casa, em frases escondidas nos mais inimagináveis lugares e me abraça. Vem em mensagens diárias revestidas com amor, com lealdade a este sentimento que temos, tão recíproco e genuíno… nos tantos papos do café da manhã, da volta do trabalho e nas tantas trocas de olhares. Porque se tem um sentimento que rege nossa relação de mãe e filha além do amor e a facilidade que temos em perceber uma à outra e nosso estado de espírito.

Há colo de mestres (as), daqueles que nos ensinaram equações da vida e que vez em quando, mesmo que virtualmente, ressurgem para nos lembrar que nós somos a nossa grande aposta desde sempre e que devemos seguir a trilha acreditando nisso.

Algumas pessoas nos reiniciam!

Muitas vezes não sabem o bem que nos fizeram.

Pensando sobre isso e sabendo o quanto nossa vida é finita escrevo este texto com o propósito do exercício.

Que tal doar àqueles que nos são importantes o nosso melhor?

Há infinitas maneiras da gente dizer para o outro o quanto ele é imprescindível, essencial, único.

Não guarde seu amor e sua gratidão para depois… para o melhor momento, para o dia mais oportuno.

Faça-o a partir de agora.

A gente nunca sabe como vai nascer a próxima manhã.

Um beijo com afeto,

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Imagem: Conexão Promessa

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