DECISÕES JUDICIAIS DESCUMPRIDAS PELAS OPERADORAS E O IMPACTO NO TRATAMENTO DAS PESSOAS COM AUTISMO

Créditos: Dalle

Quem já precisou recorrer à Justiça para garantir o básico — um tratamento, um medicamento, uma terapia — sabe que a vitória judicial é um alívio, mas algumas vezes não é o não o fim da batalha.

Infelizmente, muitas famílias de Pessoas com Transtorno do Espectro do Autismo (TEA) têm se deparado com uma nova e cruel barreira: mesmo após decisão judicial favorável, operadoras de planos de saúde seguem descumprindo ordens expressas do Judiciário.

A OAB-SP (Ordem dos Advogados de Brasil – SP), por meio da Comissão de Direito à Saúde, veio a público denunciar esse cenário alarmante. A denúncia foi formal e objetiva: há uma escalada no desrespeito às decisões judiciais por parte das operadoras de planos de saúde.

A nota oficial publicada pela OAB-SP não foi genérica. Ela trouxe exemplos concretos de práticas abusivas que têm se tornado cada vez mais frequentes:

 

  • Planos que descumprem liminares concedidas justamente para evitar prejuízos urgentes à saúde do paciente;
  • Operadoras que ignoram sentenças definitivas, mesmo depois de esgotados todos os recursos;
  • Empresas que preferem pagar multas diárias a cumprir a decisão — numa estratégia clara de desestimular o cumprimento e desgastar emocionalmente as famílias.

 

Mais do que um desrespeito ao Judiciário, a OAB-SP classifica essa postura como uma prática que atenta contra os direitos humanos — especialmente quando falamos de crianças, adolescentes ou adultos com deficiência, como é o caso das Pessoas com TEA, cuja saúde depende de intervenções precoces, intensivas e contínuas.

Quando uma operadora se recusa a obedecer a uma ordem judicial, ela está, literalmente, se colocando acima da lei.

 

A recomendação da OAB: medidas mais duras

Diante da gravidade do cenário, a OAB-SP recomendou que o Poder Judiciário adote providências mais eficazes e imediatas para garantir o cumprimento das ordens. Entre as sugestões destacadas:

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  • Bloqueios judiciais de valores, diretamente nas contas bancárias das operadoras, para forçar a execução das decisões;
  • Comunicação ao Ministério Público, para investigação de eventual prática de desobediência judicial (crime previsto no Código Penal);
  • Ofícios à ANS (Agência Nacional de Saúde Suplementar), para que sejam aplicadas sanções administrativas contra os planos que violam os direitos dos usuários;
  • E, se for o caso, responsabilização pessoal dos dirigentes das operadoras, inclusive com pedido de prisão por desobediência.

 

A consequência vai além do papel: vidas são impactadas

Para quem não vive essa realidade, pode parecer apenas uma questão técnica ou burocrática. Mas nós, que acompanhamos de perto a luta das famílias de Pessoas com TEA, sabemos que o tempo, no autismo, tem um peso imenso.

Cada dia sem terapia pode significar retrocessos no desenvolvimento. A ausência de um medicamento pode desencadear crises. Quando um plano se nega a cumprir uma ordem judicial, ele não está só desrespeitando o Judiciário — está afetando diretamente o corpo, a mente e a dignidade de alguém.

 

Não é sobre processos. É sobre pessoas.

O direito à saúde dos nossos filhos é inegociável. Se você está enfrentando esse tipo de situação, não silencie. Procure orientação, registre tudo, denuncie. A omissão das operadoras precisa ser enfrentada com informação, ação e rede de apoio.

Se você está começando essa jornada agora, ou se já está nela há anos, saiba: não está sozinha. Aqui é um espaço de acolhimento e escuta. Compartilhe suas dúvidas, sua experiência. Será uma honra te conhecer!

Um beijo e até a próxima quarta-feira.

Juçara Baleki

@querotratamento

Fontes: https://www.oabsp.org.br/jornaldaadvocacia/25-06-04-1428-oab-sp-aponta-descumprimento-de-decisoes-judiciais-por-operadoras-de-planos-de-saude

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