Nos últimos dias, uma fala de um Ministro sobre terapias voltadas para o Transtorno do Espectro Autista (TEA) e sobre crianças com autismo gerou grande repercussão negativa na mídia. Durante um evento, o Ministro descreveu o autismo como “um problema” e desqualificou intervenções terapêuticas em ambiente natural, referindo-se a elas como meros “passeios na floresta”.
A reação foi imediata. Pais, educadores, profissionais da saúde e especialistas em TEA expressaram profunda indignação com a declaração, considerando-a desrespeitosa e reveladora de um desconhecimento das lutas diárias das famílias e das evidências científicas que embasam essas terapias. Muitas mães e pais compartilharam suas histórias nas redes sociais, evidenciando, com coragem e determinação, os desafios de criar uma criança com autismo em uma sociedade que ainda tem muito a aprender sobre inclusão.
Além disso, a Magistratura Atípica, composta por juízes e pais de pessoas com deficiência, divulgou uma nota de repúdio. O documento criticou as declarações do Ministro e destacou que o acesso a essas terapias é garantido por legislações nacionais e tratados internacionais, como a Convenção sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência (CDPD).
A nota também mencionou a Lei 14.454/2022, considerada um marco na proteção dos direitos das pessoas com autismo no Brasil. Essa legislação assegura que os beneficiários de planos de saúde, com diagnóstico de autismo, tenham acesso ao tratamento médico prescrito pelo médico especialista.
Inclusive se as terapias não estiverem incluídas no rol da Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS), a menos que a operadora comprove que há alternativa mais eficiente disponível.
Terapia em Ambiente Natural: Uma Abordagem Respeitosa e Eficaz
A terapia em ambiente natural utiliza situações cotidianas, como brincadeiras e refeições, para ensinar habilidades sociais, comunicativas e funcionais. Essa abordagem permite que o aprendizado ocorra de forma contextualizada, respeitando o tempo e as peculiaridades de cada criança.
Diferentemente de modelos rígidos, que frequentemente desconectam o aprendizado da realidade, a terapia em ambiente natural se integra à vida da pessoa com autismo, tornando o processo mais significativo e acessível.
Além disso, essa metodologia está alinhada aos princípios de inclusão, pois reconhece que o desenvolvimento deve ocorrer de forma adaptada às circunstâncias únicas de cada indivíduo.
Os Benefícios
- As habilidades aprendidas em situações reais são mais facilmente generalizadas e aplicadas em diferentes contextos, promovendo autonomia e funcionalidade.
- Considerar os interesses e necessidades da criança aumenta sua participação no processo terapêutico, tornando o aprendizado mais natural e prazeroso.
- Ao envolver familiares e pares no processo, a terapia em ambiente natural estimula o desenvolvimento social e comunicativo, pilares essenciais para pessoas com TEA.
Os Desafios para Ampliar o Acesso
Apesar de sua eficácia, o acesso à terapia em ambiente natural enfrenta desafios significativos, entre eles a desinformação. Por isso é tão necessário espalhar mais conhecimento sobre as necessidades e direitos das pessoas com autismo.
É essencial que as famílias conheçam e exijam seus direitos. O respeito e a inclusão das pessoas com autismo não devem ser opcionais. Eles são compromissos que a sociedade deve honrar em todos os espaços.
Sinta-se acolhida aqui! Escreva sobre suas dúvidas ou compartilhe seus desafios. Será uma honra conhecer sua história e lutar ao seu lado por um futuro mais inclusivo e acolhedor para todos.
Um beijo e até a próxima quarta-feira,
Juçara Baleki
@querotratamento
Fontes: