Eu gosto muito de receber elogios, é sempre gratificante quando alguém reconhece o que estou fazendo, principalmente quando se trata de alguma tarefa que me empenhei em fazer. Quando subo ao palco para dar um treinamento que exigiu de minha um grande preparo, que o dia está sendo desafiador pelo tema ou tamanho do time, é obvio que eu quero descer e encontrar pessoas que venham em dizer o quanto foi bom aquela experiencia comigo.
Quando proporciono uma experiencia de vida para minha família e juro faço de coração puro e aberto, de verdade eu nem espero reconhecimento porque para mim, estar com elas já um grande privilégio e prazer, mas é claro que é muito gostoso quando elas vêm de forma carinhosa ou empolgada e falam que curtiram muito o que fizemos.
Eu não quero ser hipócrita e construir uma vida fria e distante das pessoas, como se elas simplesmente não importassem e eu fosse fazer apenas aquilo que me importa. Com muita tranquilidade posso dizer que eu já fui esse perseguidor assíduo por elogios e reconhecimentos. Vivi por muito tempo uma vida de caça a satisfação dos outros, tentando sempre me enquadrar naquilo que eu acreditava que o outro esperava de mim, e pior, eu buscava saber abertamente o que as pessoas mais próximas achavam do que eu estava pensando em fazer para escolher se realmente eu devia fazer aquilo ou não. Era exaustivo eu buscava aprovação na compra de um carro, no estilo de uma roupa, o que iam achar das minhas ideias.
Eu concordava com situações para não discutir, eu desistia de planos porque alguém não ficaria feliz comigo se eu seguisse aquele caminho. E vou dizer que hoje eu acredito que essas pessoas gostavam de mim e realmente estavam expressando apenas os sentimentos e opiniões, mas eu recebia aquilo como uma lei e um divisor de águas, ou eu faço e agrado ou perderei a importância para aquela pessoa.
Quando me dei conta disso e avaliei o altíssimo preço que estava pagando por viver sempre pela opinião e aprovações dos outros, tomei a decisão de romper com tudo isso e não me importar. Me tornei um rebelde sem causa, um fanático por prazer e satisfação pessoal, ninguém mais me importava.
Em cada lugar, seja onde fosse e com quem me envolvesse buscava viver tudo aquilo que estava dentro de mim. Foi um momento inicialmente de muita satisfação, parecia a glória encarnada visceralmente em cada experiencia. Eu passei a viver de uma forma onde deixei de avaliar e medir as consequências, afinal eu estava cansado de viver uma vida distante dos meus desejos e em prol dos outros, estava ligeiramente revoltado. Parecia que tudo valia a pena. Até que comecei a perder pessoas importantes.
Como todo desequilíbrio esse momento começou rapidamente a me trazer uma conta alta a se pagar. A liberdade a qualquer custo é desastrosa, ser o que eu quiser é desorganizador, o desejo não tem limites e não tem fim, se você não tiver o mínimo de consciência social. É isso mesmo, consciência social. É claro que nossas ações causam reflexos no meio em que vivemos e nas pessoas com quem convivemos. Essa onda infantil e muitas vezes birrenta de querer fazer apenas o que nos grada sem medir consequências, é um problema tão grande quanto viver a custas dos elogios e reconhecimento externo.
Tratasse apenas de uma outra força dominadora e que sai do nosso controle do mesmo jeito. Não importa se é pelo elogio ou pelo desejo temos que tomar consciência e controle do que estamos fazendo.
Nessa reflexão quero deixar aqui um ponto importante para repensarmos nossos porquês. A final de contas, por que fazemos o que fazemos? Para sermos reconhecidos pelos outros que nos cercam ou para saciar um desejo de sermos algo custe o que custar? Para mim, depois de anos vivendo em busca de alto conhecimento e de uma vida em paz, venho aprendendo que existem pessoas que realmente eu me importo com a opinião e que mesmo assim não será apenas por esta opinião que farei ou não algo, mas levarei em consideração. Por outro lado, também quero viver os meus desejos, mas nem toda realização de desejo vale a pena se romper com outras esferas de valores que tenho. Então eu reafirmo não espere elogios demais de fora e nem do seu próprio ego.
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Imagem: Grupo NETAS