Crítica A Caverna (La Cueva/In Darkness We Fall)

Esta modesta produção independente espanhola foi curiosamente exibida na 38a Mostra Internacional de Cinema de São Paulo, realizada em Outubro de 2014.

Por que “curiosamente exibida”?

Porque quem frequenta as sessões da Mostra sabe muito bem que filmes com esta temática voltada para o suspense ou o horror, dificilmente são selecionados para integrar o festival. Mas este A Caverna (La Cueva/In Darkness We Fall, Espanha, 2014) no entanto, justifica sua presença no evento graças à uma das execuções mais nervosas e viscerais que eu vi nos últimos tempos em um thriller.

E o mais surpreendente é que o filme tinha tudo para fazer parte do pool de produções medíocres do gênero, afinal, é mais uma produção filmada em primeira pessoa (o famoso estilo “found-footage”, que por si só já se tornou um incômodo clichê do gênero), além de contar a batidíssima história do grupo de amigos loucos para bagunçar e fazer sexo, que acaba se metendo em uma situação onde todos (ou pelo menos a maioria dos integrantes), serão mortos de maneira brutal.

Mas A Caverna começa a escapar destas armadilhas ao não utilizar-se de nenhuma ameaça sobrenatural ou mesmo de um “serial killer” ou algo do tipo para assustar. É justamente a simplicidade da situação que faz do filme uma verdadeira jornada de pesadelo.

Depois de uma noitada, o tal grupo de amigos em viagem pelo belo litoral espanhol decide explorar uma caverna que eles encontram por acaso ao acordar, sem levar nenhum tipo de equipamento.
O que parecia uma simples e rápida aventura, acaba em tragédia quando o grupo se perde lá dentro, trazendo à tona o pior em cada um dos integrantes da turma, à medida em que o tempo passa e eles não encontram a saída.

Muito bem dirigido por Javier Montero, que também co-escreve o conciso roteiro ao lado de Javier Gullón (do elogiado O Homem Duplicado), A Caverna também ganha pontos por seu determinado elenco, que apesar de jovem e desconhecido se sai muito bem, em performances realistas que destacam o tom agoniante da produção, que se desenrola como um terror claustrofóbico de 80 minutos.

Apesar de esbarrar em todos os clichês possíveis do gênero, A Caverna compensa a atmosfera comum de sua trama ao usar e abusar de níveis insuportáveis de tensão e muita energia de seus realizadores. Cinema feito com raça e extremo oportunismo.

A Caverna encontra-se disponível em alguns serviços de streaming.

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