Crítica: All Nighter (2017)

Dentre tantas produções de temática pesada e violenta que costumo assistir, chega a ser um alívio encontrar uma distração leve, gostosa e bem-intencionada como esta simpática comédia All Nighter (EUA, 2017), pequena produção que não traz nenhuma novidade em sua narrativa, mas que conta com o enorme carisma de sua dupla de protagonistas, o vencedor do Oscar J.K. Simmons (Whiplash: Em Busca da Perfeição, 2014), e Emile Hirsch (do recente The Autopsy of Jane Doe, cuja crítica você também pode conferir aqui no Portal do Andreoli).

Em All Nighter, Hirsch interpreta Martin, um aspirante a músico que parece ter tirado a sorte grande ao conhecer a bela e inteligente Ginnie (Analeigh Tipton, de Amor a Toda Prova, 2011). Completamente apaixonado, Martin só não esperava que o pai da moça, o truculento Frank (Simmons), iria desaprová-lo completamente durante o jantar em que foram apresentados. Seis meses depois, Martin, agora solteiro e na fossa, recebe a improvável visita de Frank em pessoa, que está preocupado com o repentino sumiço de Ginnie. Agora, o pai e o ex-namorado da moça partem em uma jornada noite adentro, na esperança de encontrar Ginnie, e quem sabe, encontrarem a si mesmos.

Ao estilo de comédias como Uma Noite de Aventuras (Adventures in Babysitting, 1987), e a excelente Depois de Horas (After Hours), dirigida por Martin Scorsese em 1986, All Nighter conduz sua narrativa como uma comédia de erros, onde uma situação inesperada vai levando à outra, e onde as coisas vão só escalando e ficando cada vez mais loucas.

A simplicidade do roteiro de Seth W. Owen (do recente thriller Morgan) apesar de não apresentar praticamente nenhuma originalidade, consegue manter-se sempre interessante e cada vez mais cativante, graças ao humor esperto de algumas situações e diálogos, e é claro, à excelente química entre sua improvável dupla de protagonistas. Simmons mais uma vez está ótimo, bem à vontade reciclando seu personagem bruto e intimidador que lhe valeu o Oscar em Whiplash, enquanto que Hirsch destila simpatia e carisma no papel do cara comum que se mete dos pés a cabeça em uma bela enrascada.

A direção certeira de Gavin Wiesen (do bacana A Arte da Conquista, 2011), aproveita-se ao máximo do talento de seus protagonistas, mas ao mesmo tempo, deixa espaço para alguns dos coadjuvantes da trama brilharem, principalmente o personagem Gary (interpretado por um hilariante Taram Killam, de As Bem-Armadas, 2013), um amigo de Martin que acaba se juntando à dupla na busca por Ginnie, e que acaba entregando alguns dos momentos mais engraçados do filme.

Apesar de discreta em sua concepção e sem novidades narrativas, All Nighter diverte com honestidade e leveza, além de criar uma muito bem-vinda conexão entre sua dupla de protagonistas, cuja turbulenta relação e posterior tolerância um ao outro acaba por entregar uma conclusão surpreendentemente madura para o filme. Hoje em dia, onde encontrar uma boa comédia é tão difícil quanto encontrar um bom filme de horror, All Nighter acaba por ser muito bem-vindo.

All Nighter não tem previsão de de estreia nos cinemas brasileiros, e deve chegar diretamente ao mercado de streaming e home-video.

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