Crítica: Anônimo (Nobody) | 2021

Bob Odenkirk as Hutch Mansell in Nobody, directed by Ilya Naishuller.

Me lembro como se fosse ontem. Em 2014, fui convidado para a cabine de imprensa de um certo filme chamado De Volta ao Jogo (John Wick). Pelas credenciais, soava como mais um filme qualquer de ação, sem maiores nomes na direção e roteiro, e estrelado por um Keanu Reeves que na época vinha em baixa. Mas quando saí do cinema, tive a nítida sensação de que havia acabado de assistir a um dos melhores filmes de ação em anos, e que a produção tinha potencial para se tornar uma franquia de sucesso. Bem, como vocês hoje já sabem, eu estava certo. Foi exatamente esta mesma sensação que tive quando este Anônimo (Nobody, EUA, 2021), terminou. Aliás, chega pra lá John Wick. Temos um novo badass no pedaço.

Seu nome é Hutch Mansell (o excelente Bob Odenkirk, mais conhecido como Saul Goodman, das séries Breaking Bad e Better Call Saul), e apesar de seu nome não ser tão cool como o do matador interpretado por Reeves, Hutch é tão mortífero quanto, apesar das coisas não parecerem assim no começo do filme.

Hutch é um típico pai de família do subúrbio americano, cuja família fica bastante decepcionada quando ele falha em defendê-los no momento em que sua casa é invadida por uma dupla de ladrões. Ainda que Hutch seja sempre visto como um homem comum, e de sempre ser subestimado por todos ao seu redor, o incidente acende o estopim de toda a fúria guardada dentro dele por tanto tempo, o que desperta seus instintos dormentes que o levam à um caminho brutal, onde segredos obscuros e habilidades letais vêm à tona. Agora, entre tiro, porrada e bomba, Hutch precisa proteger sua família de um perigoso adversário (Aleksey Serebryakov), e de quebra, garantir que ninguém nunca mais o veja como um ninguém.

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Anônimo é uma verdadeira pauleira, mas não tinha como ser diferente. A direção é do russo Ilya Naishuller, cujos créditos incluem a direção do totalmente insano action fest filmado em primeira pessoa, Hardcore: Missão Extrema (2015). Inclusive, para quem curte mesmo ação absurda, violenta e em enormes quantidades, fica aqui a dica. E eu não mencionei John Wick à toa, já que o roteiro de Anônimo é escrito pelo co-criador da franquia citada, Derek Kolstad, e a produção é bancada, entre outros, por David Leitch, co-diretor de De Volta ao Jogo e também produtor da franquia John Wick. Como podem ver, o que não falta ao filme é DNA de ação.

O que é mais curioso, é que ao olhar para Odenkirk e seu físico de jogador de truco, é praticamente impossível associá-lo ao termo “herói de ação”. Porém, para quem assistiu Odenkirk em Breaking Bad e Better Call Saul, sabe que o cara é um tremendo de um intérprete, e aqui, o franzino ator vende com maestria seu personagem, que toma pancada na mesma proporção em que a distribui, sem falar que assim como Keanu Reeves em seu John Wick, Odenkirk também mostra um domínio inacreditável de armas de fogo, o que eleva demais o nível de ação da produção. No elenco de apoio, a sempre bela Connie Nielsen (Gladiador, Mulher-Maravilha), interpreta a esposa de Hutch, e o veterano Christopher Lloyd (Trilogia De Volta Para o Futuro), interpreta seu pai. O ator, diretor e rapper RZA interpreta o melhor amigo do protagonista, cujos próprios talentos escondidos ajudam Hutch em sua busca por vingança.

Se John Wick não tivesse já se estabelecido como uma rica mitologia, eu adoraria sugerir um crossover entre a citada franquia e este Anônimo (que eu também espero que dê origem à sua própria franquia). Acredito até que o próprio Naishuller encorajaria o hype, já que sua direção deliciosamente truculenta é uma tremenda credencial. Quem sabe  num futuro próximo não vejamos John Wick e Hutch Mansell juntos chutando traseiros por aí…

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Anônimo tem previsão de estreia nos cinemas brasileiros no dia 02 de abril, mas a data está sujeita à alterações.

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Imagens: Universal Pictures.

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