Crítica: No Vale da Violência (In a Valley of Violence)

Talvez não signifique muita coisa, mas posso afirmar que sigo a carreira do jovem diretor Ti West desde seus primórdios. Com sua base cinematográfica firmada na escola do gênero Horror, West, desde 2009, vem entregando e aprimorando exemplares relevantes do gênero, como A Casa do Diabo (House of the Devil, 2009), Hotel da Morte (The Innkeepers, 2011), e O Último Sacramento (The Sacrament, 2013), além de segmentos em antologias como V/H/S e O ABC da Morte (ambos de 2012).

Então, realmente acabou sendo uma surpresa saber que a nova empreitada de West nada tem de Horror, ou mesmo Suspense, mas que na realidade, trata-se de um Western, gênero tão adverso ao sobrenatural, elemento com o qual West está tão acostumado a trabalhar. Contudo, este No Vale da Violência (In a Valley of Violence, EUA, 2016), não desaponta, e mostra nitidamente um novo avanço na carreira do diretor, que apesar de mudar drasticamente de gênero em sua nova produção, não deixa de imprimir seu estilo indie e sarcástico de fazer cinema.

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O filme traz o faz-tudo Ethan Hawke (impressionante como Hawke está em TODAS ultimamente, sendo que este é seu segundo Western apenas neste ano, após sua atuação no remake de Sete Homens e um Destino, dirigido por Antoine Fuqua), no papel de Paul, um ex-soldado da Guerra Civil Americana, que há meses, cavalga pelo Velho Oeste americano em direção ao México, ao lado de sua fiel companheira de viagem, uma esperta cadela chamada Abby. Em um de seus dias de caminhada, Paul chega à uma pequena e arruinada cidadezinha, e decide parar algumas horas no local para tomar um banho quente e comer uma refeição fresca. Entretanto, quando os caminhos de Paul se cruzam com os do encrenqueiro Gilly (James Ransone, do recente Tangerine), as coisas saem de controle, e a cidadezinha mergulha em um verdadeiro banho de sangue.

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Como todo Western que se preze, No Vale da Violência resume-se à simplicidade. A narrativa é basicamente um previsível conto de vingança, mas aplicada de maneira correta e movimentada. Apesar do roteiro bem comum do próprio Ti West, o filme pode perder em estrutura narrativa, mas ganha bastante em diálogos inspirados e repletos de sarcasmo, especialidade do diretor e roteirista. Todo o núcleo de intérpretes, desde os protagonistas até os personagens secundários, são bem desenvolvidos e ganham seu tempo em cena, o que valoriza a trama à partir do momento em que a ação toma conta da tela.

Neste contexto, brilham as atuações de todo o bom elenco. Hawke, mais uma vez, está ótimo no papel do homem comum, envolvido em uma situação fora de controle. O ainda desconhecido James Ransone está muito bem no papel do criador de caso Gilly, e a encantadora Taissa Farmiga (irmã mais nova da atriz Vera Farmiga, de Invocação do Mal), rouba a cena como uma improvável aliada do protagonista. Quem também aparece bem na produção é o astro John Travolta, cuja mera presença sempre eleva o patamar de qualquer produção. Mas quem ameaça levar a taça de melhor intérprete do filme, é a cadelinha Jumpy, que literalmente dá um show, mostrando uma vasta gama de truques e gracejos, sempre utilizados com inteligência por West na narrativa.

Mesmo mantendo-se sempre dentro dos limites do gênero, No Vale da Violência é um Western interessante, que facilmente justifica sua sessão, graças a diferenciais como seu elenco afinado, e pequenas particularidades do cinema de seu ainda jovem diretor, que pode ter encontrado a maneira correta de fazer sua transição entre gêneros. Agora é aguardar seu próximo trabalho e ver se tal mudança se confirma.

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No Vale da Violência não tem data de estreia programada nos cinemas brasileiros, e deve chegar diretamente ao serviço de streaming e home-video.

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Respostas de 5

    1. Olá Julio, é um Border Collie/Blue Heeler. Obrigado pela visita e pelos comments!
      Volte sempre ao Portal do Andreoli.
      Abraços!

    1. Gostei do filme . Bem feito , prendeu minha atenção. Antes de ver os créditos cheguei a achar que o filme fosse do Tarantino. Espero que o diretor deixe o estilo Terror ( detesto ) e continue nesse genero ou mistério, mas pelo amor de Deus , terror NÃO.

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