Crítica: Rogai Por Nós (The Unholy) | 2021

“Quando Deus constrói uma igreja, o diabo constrói uma capela ao lado.”

Nova empreitada da Sony Pictures no gênero horror, Rogai Por Nós (The Unholy, EUA, 2021), retrata uma aparição da Virgem Maria como nunca antes vista. Escrito e dirigido por Evan Spiliotopoulos (que estreia na direção mas que tem uma longa carreira como roteirista, tendo escrito o roteiro de filmes como Hércules e O Caçador e a Rainha de Gelo), o longa conta com a produção do legendário ícone do horror Sam Raimi (Evil Dead: A Morte do Demônio). Como se não bastasse esta tremenda credencial por trás das câmeras, à frente delas temos o fantástico Jeffrey Dean Morgan (o Negan da série The Walking Dead), no papel de um jornalista que investiga o inacreditável caso de uma jovem que realiza milagres.

A jovem em questão é Alice (Cricket Brown), uma jovem garota surda que após receber uma suposta visita da Virgem Maria, começa inexplicavelmente a ouvir, falar normalmente e curar os enfermos. À medida em que os incríveis feitos da garota começam a se espalhar pelas cidades vizinhas e chega à imprensa, pessoas de todos os lugares do mundo vão em direção à Alice para testemunhar seus milagres. Gerry (Morgan), um desacreditado jornalista que espera reviver sua carreira, também vai até a pequena cidade da Nova Inglaterra para investigar. E quando aterrorizantes eventos começam a ocorrer no local, ele começa a questionar se tais fenômenos são obras da Virgem Maria ou de algo muito mais sinistro.

Baseado no livro do falecido escritor britânico James Herbert (cuja obra rendeu outras adaptações cinematográficas como Lembranças de uma Vida e Ilusões Perigosas), Rogai Por Nós apresenta sua premissa de maneira eficiente, desde a suposta visão de Alice até seus primeiros milagres, que ocorrem ao som da canção Ave Maria tocando ao fundo. Tudo muito lindo e abençoado… Só que não! Quando a história começa a tomar um rumo cada vez mais ameaçador enquanto eventos cada vez mais assombrosos passam a acontecer, o filme de Spiliotopoulos mostra realmente a que veio. E o filme é até certo ponto entrega o que promete. Especialmente no terço central da produção, que capricha no suspense e traz algumas interessantes discussões em torno da religião e dos preceitos envolvendo o confronto entre Deus e o diabo.

Mas em seu terço final, a produção comete o erro que a grande maioria dos filmes do gênero dos grandes estúdios cometem hoje em dia: abandona o suspense e se entrega aos efeitos-especiais. Não é segredo para ninguém que assiste ao filme que algo macabro é responsável pelos milagres em torno de Alice. Mas existem maneiras mais inteligentes de brincar com esta percepção e oferecê-la ao público, do que apenas reproduzi-la visualmente, mastigada para o entendimento da massa. Isso não quer dizer que o filme fique devendo visualmente, pelo contrário. Santuário de Sombras oferece algumas soluções visuais muito eficientes e assustadoras, especialmente quando as aparições malignas começam a se manifestar. Porém este mesmo poder visual poderia ter sido utilizado com mais parcimônia na conclusão do filme.

Rogai Por Nós se beneficiou comigo pelo fato de que tenho um fraco pelos elementos macabros e sinistros dos filmes de horror que envolvem o Catolicismo, como estátuas da Virgem Maria que sangram, freiras assustadoras, padres corruptos e cruzes em chamas (O Exorcista III que o diga, já perdi a conta de quantas vezes assisti ao filme). James Herbert é considerado a versão britânica de Stephen King, e apesar da comparação não ter o menor cabimento, o best-seller de Herbert lida com maestria com temas como êxtase religioso, histeria em massa, cura pela fé e a boa e velha possessão demoníaca. Obviamente, não é o tipo de filme que você indica para sua vó que vai à igreja todos os domingos e morre de medo das “coisas do diabo”, mas para quem gosta de filmes do tipo, Rogai Por Nós é uma eficiente pedida.

Rogai Por Nós chega aos cinemas brasileiros (se a pandemia deixar), no dia 22 de abril.

**O conteúdo e informação publicado é responsabilidade exclusiva do colunista e não expressa necessariamente a opinião deste site.

*Imagens: Screen Gems e Ghost House Pictures.

5 respostas

    1. Boa tarde,não sei se você viu o filme todo até o final, mas ele relata bastante sobre o juízo final, que está escrito na bíblia… “Os falsos profetas”
      Vamos lá pesquisar sobre? Pois tudo que foi dito no filme,não vai chegar nem a metade, do que vai acontecer quando Deus voltar…. ” Ovelhas que quando chegam perto, se transformam em lobos” cuidado com falsos profetas!!!

  1. Boa tarde,não sei se você viu o filme todo até o final, mas ele relata bastante sobre o juízo final, que está escrito na bíblia… “Os falsos profetas”
    Vamos lá pesquisar sobre? Pois tudo que foi dito no filme,não vai chegar nem a metade, do que vai acontecer quando Deus voltar…. ” Ovelhas que quando chegam perto, se transformam em lobos” cuidado com falsos profetas!!!

  2. Kauan, boa noite.
    Tenho 56 anos e não sei nada ainda, mas preste atenção no nome do escritor e diretor Evan spiliotopoulus.
    Pesquise um pouco sobre o nome dele “Evan”, que é a abreviatura do nome Evangelos que grego significa evangelho, e cuidado no que acredita,

  3. Oi, luiz. Tem um filme que eu gostaria muito de lembrar o nome, mas não consigo. Talvez você possa ter assistido. Deve ser de 2011 pra trás. Não lembro bem do enredo, mas tinha umas garotinhas que seguiam uma santa, e o vaticano tinha uma câmera especial que captava o sobrenatural, com isso conseguiram perceber que na verdade a santa era uma entidade demoníaca. No final do filme os padres matam as crianças pra não contarem pra ninguém. O filme mostrava isso em forma de flashback em imagens estilo cinema mudo.

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