Crítica: Tau (2018)

Tau

Em minha recente crítica do filme Prospect aqui mesmo no Portal do Andreoli, uma sci-fi modesta porém muito inteligente, falei um pouco sobre o bom momento que vive a ficção científica no cinema e TV. Filmes como o próprio Prospect, o intrigante The Endless, e duas produções distribuídas pela Netflix, Mudo (Mute) e Aniquilação (Annihilation), são exemplos de um respiro dentro de um gênero que ganha pouquíssimas novas produções por ano. Vale lembrar que você pode conferir as críticas dos filmes citados acima aqui mesmo no Portal do Andreoli. Depois de adquirir os direitos de distribuição de Mudo e Aniquilação ainda no início deste ano (sem falar no decepcionante The Cloverfield Paradox, o qual o forte selo de streaming adquiriu na calada da noite e estreou em seu catálogo na noite do Superbowl americano), a Netflix desta vez decidiu produzir sob sua própria marca este Tau (EUA, 2018), sci-fi modesta que carrega um visual bastante interessante. E só.

Tau traz a bela Maika Monroe (do bom thriller O Hóspede (The Guest), cuja crítica você também pode conferir aqui no Portal do Andreoli), no papel de Julia, uma esperta vigarista que aplica pequenos golpes nas ruas. Julia, entretanto, torna-se a vítima mais recente de um experimento fatal, após ser sequestrada e acordar aprisionada em um local estranho.

A única coisa que impede que Julia possa sair de seu cativeiro é TAU, um avançadíssimo sistema de Inteligência Artificial desenvolvido pelo sinistro Alex (Ed Skrein, o vilão do primeiro Deadpool), seu captor. TAU está armado com um verdadeiro batalhão de drones ativados automaticamente, que vigiam a smart house futurista na qual a protagonista se encontra aprisionada. O potencial de TAU é limitado somente ao seu entendimento do mundo em que habita, porém, TAU está pronto para mais. Agora, Julia precisará utilizar todos seus recursos e sua coragem em uma corrida contra o tempo, para determinar os limites entre homem e máquina e ganhar sua liberdade, antes que seja tarde demais.

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Dirigido pelo estreante em longas Federico D’Alessandro e escrito pelo também estreante Noga Landau, Tau apresenta um visual bastante interessante e até bonito de se observar. O design de produção e o jogo de luzes dá ao filme uma identidade própria, mas que é desperdiçada em uma narrativa entediante. O roteiro de Landau se acha muito mais inteligente do que realmente é, e algumas passagens narrativas são cansativas e nada originais.

A produção até tenta discorrer sobre toda a questão envolvendo o mau uso da tecnologia, especialmente no que diz respeito aos drones e a vigilância irrestrita ao indivíduo. A própria Netflix já tentou recentemente abordar o tema com o fraco Anon (cuja crítica você também pode conferir aqui no Portal do Andreoli), e quebrou a cara. Sobra inventividade visual e falta profundidade ao texto de Landau. O alcance deste Tau é tão raso quanto piscina infantil. Sem falar que o filme meio que chupa muito da esperta sci-fi Cubo (Cube, 1997), mas só que deixa a esperteza de lado.

Como prêmio de consolação, o público pode ao menos admirar a beleza sexy da loira Maika Monroe, cuja presença sempre é um diferencial, seja em bons filmes como o citado O Hóspede e o horror Corrente do Mal, ou em tranqueiras como o sonolento drama Bokeh (2017) e a sci-fi boboca Independence Day: O Ressurgimento (Independence Day: Ressurgence). E para quem se empolgou com o nome do ótimo Gary Oldman no pôster do filme, sinto dizer que o ator não dá as caras no filme, e fornece apenas a voz da Inteligência Artificial que dá nome à produção.

Resumindo, Tau está longe de fazer parte desta retomada da ficção científica que estamos vivenciando neste 2018, e evidencia que a Netflix continua a apostar em produções que pouco agregam ao seu portfólio. O filme estreia no catálogo da produtora HOJE, 29 de Junho de 2018.

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Respostas de 5

  1. (continuando) aborda um tema importante que é se uma pessoa é ensinada a ser ruim, será ruim, caso do Tau, porém ele não tem noção do que é ser bom é isto a prisioneira lhe ensina e assim ele muda de comportamento, isto prova que há chances de correção de uma pessoa.

  2. Envolvente, instigante e visualmente poético filme da Netflix, que, de início, pouco prometia e, num crescendo, nos deixa emocionados em sua parte final. A crítica tratou de achincalhar toda a produção, falando sobretudo sobre o raso roteiro e seus diálogos ruins e direção má de atores. Mas há coisas a se pensar em sci-fi; agora sobremaneira, há de se rever os rumos a se dar a nossas criações virtuais, avaliando nossa moralidade sobre estes seres sencientes que procurarão, como nós, se entender e dar sentido à vida. Bela obra da Netflix, interessante e algo profunda, apesar de muitos lapsos – já citados.

  3. Será que sou percebi quando Júlia tem uns relances de suas infância… é o mesmo curta Removida onde retrata sobre adoção????
    Alguém mais aí, viu tbm

  4. Eu achei interessante o filme. Achei interessante o fato do TAU se revoltar contra o seu criador. Hoje humanos fabricam máquinas o tempo todo, e todos pensam numa inteligencia artificial para futuro. Os humanos pensam, e estão criando robôs para fazerem seus serviços, imaginem se no futuro, as criações(os robôs) se revoltassem contra seus criadores. É de dar medo e de se pensar muito sobre o tema.

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