Crítica: A Autópsia (The Autopsy of Jane Doe)

Em tempos onde é cada vez mais difícil encontrar um bom filme de Horror na praça (e acreditem-me, eu procuro), este A Autópsia (The Autopsy of Jane Doe, EUA, 2016), acaba por ser uma raridade: Um filme de terror que realmente assusta e impressiona. Nem mais, nem menos. É somente isso o que um verdadeiro fã do cinema de Horror quer, precisa e merece.

Dirigido pelo promissor cineasta norueguês André Øvredal (do também sólido thriller O Caçador de Trolls, 2010), A Autópsia é um claustrofóbico mergulho dentro de um pesadelo bem real. Tudo é muito real no filme, que em nenhum momento trapaceia o espectador, e entrega a ele exatamente o que está vendo. Terror de primeira categoria, em uma roupagem simples e linguagem direta, protagonizado por dois fortes intérpretes centrais.

Os intérpretes são o veterano Brian Cox (Coração Valente, Tróia), e o talentoso Emile Hirsch (Na Natureza Selvagem), que interpretam Tommy e Austin Tilden, pai e filho respectivamente, responsáveis pelo necrotério e crematório de uma pequena cidade americana, que funciona no porão da própria residência da família, há mais de trinta anos. Experiente, Tommy ensina tudo o que sabe para o filho no dia-a-dia do estabelecimento, e acredita já ter visto de tudo em toda uma vida na função de legista e médico-examinador. Entretanto, todo o conhecimento de Tommy e seu filho será colocado à prova de maneira aterrorizante, quando a polícia do condado traz para o local o cadáver de uma jovem não-identificada, e logo, coisas muito estranhas começam a acontecer…

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O enxuto roteiro da produção, escrito por Ian B. Goldberg (criador da recente série Dead of Summer) e Richard Naing, é extremamente eficaz no nível de suspense apresentado, apesar de não ser inovador. Contudo, o texto da dupla funciona perfeitamente na mão do talentoso diretor norueguês André Øvredal, que insere no filme atmosfera tétrica e clima mórbido em doses cavalares. Os corredores escuros e antigos do necrotério se transformam em um verdadeiro labirinto infernal, onde pai e filho precisam enfrentar os mais inimagináveis terrores, que provavelmente derivam da chegada da enigmática falecida que dá nome ao filme.

Ressalto novamente o peso da dupla de protagonistas da produção, que normalmente seria estrelada por um elenco jovem e genérico, onde as caras pouco importam. Mas ao adicionar o veterano Brian Cox num dos papéis principais, Øvredal garante imediatamente ao seu filme uma profundidade e importância acima da média, semelhante ao efeito do recente The Good Neighbor, suspense estrelado pelo veterano James Caan. O competente Emile Hirsch faz o contraponto perfeito à presença de Cox, e quando ambos estão lado a lado, enfrentando as mais terroríficas ameaças, o filme arranca seus melhores momentos. Vale destacar também a presença da desconhecida Olwen Catherine Kelly, no papel do cadáver conhecido apenas como “Jane Doe”, algo semelhante ao “João Ninguém” do nosso português. Mesmo absolutamente imóvel durante toda a produção, sua presença e figura são extremamente eficazes para o surpreendente desenrolar da produção.

Longe de ser algo apelativo como o curta espanhol Aftermath (1994), que usava a dissecação de um corpo humano apenas como pretexto para fazer horror banhado em litros de gore, A Autópsia acertadamente segue o caminho do mistério para trincar os dentes do espectador. É claro que rolam também algumas gotas de sangue no processo, mas com certeza vocês não me verão reclamar disso.

A Autópsia estreia nos cinemas brasileiros no dia 04 de Maio.

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