Crítica: The Power (2021)

Você se lembra de quando era uma criança e tinha medo de dormir no escuro? Geralmente no quarto tinha aquele abajurzinho ou lanterna ao lado da cama, que nos aliviava quando o medo da escuridão chegava sorrateiro. Pois bem, este The Power (UK, 2021), é o filme que fará você, em sua plena idade adulta, desejar que ao lado da sua cama tenha uma daquelas lanternas da sua infância. Produzido pelo canal Shudder, que no último ano caprichou no seu line-up de lançamentos com filmes como Anything for Jackson, Spiral, The Beach House, The Mortuary Collection, Impetigore e o fenômeno Host, este assustador horror britânico mantém o sólido padrão das últimas apostas do referido selo.

No filme, a bela Rose Williams (do drama biográfico Além das Palavras) interpreta a sofrida protagonista, sob a direção da ascendente Corinna Faith, que escolheu um ótimo cenário histórico para seu filme: A Inglaterra dos anos setenta durante os notórios blackouts que aconteciam em todo o território do país. Os apagões na Inglaterra nos anos 70 ficaram conhecidos como a “Semana de Três Dias” e foram implementados para conservar eletricidade devido às greves dos trabalhadores da indústria e das minas de carvão.

Val (Williams), é uma enfermeira em treinamento que começa a trabalhar no hospital East London Royal Infirmary no mesmo período, mais precisamente em 1974, na capital Londres. Com a maioria dos pacientes e staff evacuados para um outro hospital, Val é forçada a trabalhar no turno da noite, ficando praticamente sozinha no local escuro e vazio. Dentro destas paredes se esconde um segredo mortal, que força Val a enfrentar seu próprio passado traumático e seus medos mais profundos, para que assim ela possa confrontar a força maligna que pretende destruir tudo em torno dela.

The Power trabalha uma premissa que dificilmente não funcionaria em um filme de horror. A combinação de turno da noite com blackouts dentro de um dilapidado hospital já é suficiente para criar um terror arrepiante que se alimenta dos medos mais básicos do espectador. O filme apresenta todos os marcadores de um clássico filme de assombração: Figuras que surgem nas sombras, possessões, personagens dúbios propositalmente, etc. Os mais treinados dentro do gênero vão reconhecer homenagens e referências a filmes como Terror em Amityville (1979) e O Asilo do Terror (1972).

No roteiro deste The Power, Faith aborda os elementos básicos de uma boa história de fantasmas, mas ao mesmo tempo acrescenta uma pitada de modernidade, especialmente na forma como aborda a emancipação feminina e como as mulheres ainda encontram dificuldades em suas condições de trabalho. O roteiro de Faith é um ode à resistência feminina, mesmo ambientado em uma época onde o silêncio e a passividade eram exigidos das mulheres. Tanto em casa quanto no ambiente de trabalho. A ideia de que um espírito maligno pode ser calado ao final da história não se aplica aqui. Da mesma forma que a voz da protagonista não pode ser questionada ou silenciada, mesmo quando tudo ao redor parece ameaçá-la.

The Power chega ao canal Shudder e plataformas online no dia 08 de abril.

https://www.youtube.com/watch?v=xUQZv6Voyjk

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*Imagens: Shudder.

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