Andrea Ignatti: Você foi convocado?

convocado

Diz a lenda que o maior sonho do atleta profissional é chegar à Seleção Brasileira. Titularidade, artilharia, destaque na posição, destaque positivo entre especialistas, clubes nacionais e internacionais cogitando seu nome, avaliando seu valor de contrato. Tudo isso pode ter um objetivo maior. Quando se começa a falar em convocação ― em períodos pré-olímpicos e de preparação para mundiais ―, o frio na barriga revela esse sonho: ser chamado para jogar na Seleção.

Nessa semana que passou, os treinadores da seleção principal e da seleção olímpica anunciaram os nomes dos jogadores para amistosos. E então: você foi convocado?

Daniel Alves, você foi. Velho conhecido na seleção, estreante pelo São Paulo, marcou o único gol da vitória do tricolor paulista. “Sorte de principiante”?

Bruno Henrique, você também foi. E também é estreante: mas, sim, na seleção. Porque, no Flamengo, meu caro, no dia seguinte à convocação, esbanjou dois gols na vitória de 4 a 1 sobre o Vasco. “Alegria de estreante”?

Gabigol, você não foi. Mas, ó, teve gol seu nessa goleada do Flamengo ― e você continua como artilheiro isolado do Campeonato Brasileiro. E a alegria continua, certo?

Dudu, você também não foi. Mas abriu o placar para o Palmeiras no empate com o Grêmio.

Você foi convocado, você não foi. Você foi convocado, você não foi. Você foi convocado, você não foi. Você foi convocado, você não foi. Você foi convocado, você não foi. Você foi convocado, você não foi.

Quantos jogadores profissionais estão fisicamente aptos para serem convocados? Para cada posição? De cada região, Estado, cidade do país? E que atuam em outros países? Que jogam na primeira ou segunda divisão? Quantos são escolhidos efetivamente para cada posição? E quando o critério é, ainda, dar oportunidade a outros, a uns, a novos, a revezar novos e mais experientes? A cada ciclo, a cada temporada, a cada campeonato?

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Jogar na Seleção é o maior sonho do jogador, mas que não seja o único. Ainda bem que existem muitos sonhos ― na vida, em toda a vida, o tempo todo ― pra sonhar.

O esporte ensina buscar atingir objetivos. E, quando são atingidos, a prática acaba, desiste de tudo, aposenta? Nada disso. Buscam-se outros objetivos. Você procura se superar de outra maneira, numérica ou qualitativamente.

Por exemplo, no tênis. Se o tenista se propõe a vencer um Grand Slam e o vence. Depois, vence o segundo, o terceiro, vence todos. Termina a carreira? Que tal se propor a vencer 10 campeonatos no ano? 10 vezes o mesmo Grand Slam? 100 Grand Slams na carreira?

Sonhar pode não acabar nunca. Você pode permitir isso.

Esperar a convocação da Seleção Brasileira e não ser convocado pode permitir novos sonhos. Sonhar com ela, aliás, pode (e deveria) não ser o único grande sonho… Você pode continuar fazendo gol, fazendo grandes defesas. Não deixe a peteca cair.

Você foi convocado? Não deixe de comemorar! Você não foi convocado? Não deixe de jogar seu melhor jogo.

Deixe o jogo seguir. Faça o jogo seguir. A torcida convoca sempre!

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