O brasileiro que na época das Olímpiadas do Rio de Janeiro (2016) torcia até para os juízes do boxe, celebram e secam os rivais por medalha ou rixa antiga, como no surfe. Em Tóquio (2020/21), por conta da pandemia tiveram muitas restrições de público nas arenas. Desta vez, sim, temos 100% liberados nos estádios, quadras e complexos na França, incluindo em uma abertura diferenciada nas margens do Rio Sena. Mas houve resquícios que ficaram marcados de três anos atrás. Tanto que, o japonês Kanoa Igarashi eliminou Gabriel Medina e tirou sarro nas redes sociais. Nessa semana, aconteceu o inverso e o fãs canarinhos invadiram às redes para recordar isso.
Mas o grande destaque fica para ginástica brasileira que faz o melhor resultado de sua história em Olímpiadas em Paris-2024. A medalha de bronze conquistada na última terça-feira (30), no período da tarde no nosso país, balançou às estruturas de todos que assistiam a competição que envolvia as americanas, que foram ouro tendo Simone Biles e companhia dominantes desde o início nos aparelhos.
Se a China protagonizou com o Japão a luta pelo ouro no geral de equipes da ginástica artística, no feminino foi diferente. As chinesas são uma escola a ser batidas, mas foi aquém do desempenho, enquanto japonesas não tem essa tradição. Falando nisso, ‘escolas’ têm seus impactos para influenciar na disputa de coroações.
Afinal, sem a Rússia suspensa devido a guerra contra Ucrânia e a Romênia, que apesar de estar na final e ter o primeiro 10 da categoria com Nadia Comaneci, em 1978, nas Olímpiadas de Montreal, não capitalizou nisso. Com isso, o Brasil, tem evoluído nisso e ficou até o fim brigando pela prata, mas a Itália ficou essa inédita medalha, para elas, também. Essas medalhas faturadas pelos europeias e brasileiras, fizeram com que, a escola geopolítica fosse agraciada pelo sétimo e oitavo país se inserindo no cenário olímpico nos últimos 50 anos, na ginástica.
É uma disputa geopolítica e de escolas. Esse bronze consagra a escola brasileira.
Rebeca Andrade é a grande nome da modalidade hoje e seus 15.100 no salto foi o que garantiu o bronze, quase prata, apesar da queda de Júlia Soares e desequilíbrio de Flávia Saraiva, que faziam grande performance na trave, as canarinhas puderam vibrar como o todo o país com a medalha inédita que emocionou a todos, incluindo Diego e Danielle Hypólito, além de Daiane dos Santos, inspiradores desta geração marcante e que fizeram parte da transmissão. Além é claro, também, das marcantes Luísa Parente e Claudia Magalhães
Paris em momentos
Em quase uma semana de disputa, os Jogos de Paris-2024 tiveram de tudo um pouco. Como, por exemplo, a sunga colorida de um funcionário arrancou aplausos e vibração da torcida ao resgatar pertences de atletas na piscina olímpica.
No Judô, por sua vez, foi o local que mais assistiu coisas para ficar na história olímpica. Houve quem não topou lutar com o adversário, pela fervura política, caso do judoca da Argélia, que se recusou enfrentar o rival de Israel. Enquanto a japonesa, Uta Abe, campeão olímpica e com quatro títulos mundiais (2018, 2019, 2022 e 2023), no currículo, chorou copiosamente ao ser eliminada nas oitavas de final para a atual nº do mundo, a Diyora Keldiyorova, do Uzbequistão.
Além disso, uma luta ficou paralisada no tatame da Arena Champ-de-Mars, por conta da calça rasgada do atleta da Geórgia, Tato Grigalashvili, pelo lutador da Moldávia da Mihail Latisev. Situação inusitada durou cinco minutos e Latisev acabou eliminado com três punições na fase classificatória.
Para fechar, houve salto ‘temporal’ de Gabriel Medina diante de todos, após fazer uma manobra no surfe e pedir o 10 dos juízes. Ficou com um 9.90, mas captação foi para os anais olímpicos de todos os tempos. A autoria da foto foi de Jerome Brouillet, fotojornalista francês, que teve seu Instagram “invadido” por brasileiros, pela icônica fotografia.