Da França à Califórnia: Uma Tese, Um passo De Cada Vez, Mil Histórias

Hoje escrevo com o coração transbordando de emoção. Esta coluna é dedicada 100% à minha querida esposa, Johnna.
Parabéns pelo doutorado, Johnna! Parabéns por essa conquista indizível!

Foram horas e horas de estudo, centenas de páginas entre livros e a sua tese.
Foram incontáveis pesquisas, entrevistas com franceses e estrangeiros, buscando dados para construir conclusões sólidas.


Foram muitas aulas online, madrugadas editando capítulos — capítulos que, sem dúvida, darão vida a um livro. Um livro que entrelaça perspectivas sociológicas, culturais, demográficas e espirituais da França.

Pois bem, a minha admiração por ela vai além do esforço intelectual. O diploma foi concedido por uma das instituições teológicas mais respeitadas do mundo: a Fuller Theological Seminary, na Califórnia.

Eu sinceramente não sei como ela conseguiu.
Mesmo com centenas de pessoas passando semanalmente por nossos eventos, ela lia, estudava e seguia firme.

Eu sinceramente não sei como ela conseguiu.
Mesmo dividindo as tarefas da casa, cozinhando, levando as crianças à escola e às aulas de música, cumprindo agendas de viagem, reuniões locais e internacionais, presenciais e online…

Eu sinceramente não sei como ela conseguiu.
Ela cuidava dos detalhes do dia a dia e, ao mesmo tempo, escrevia e defendia uma tese brilhante — sobre um país onde a laicidade é quase um dogma, esmagando historicamente o vocabulário da fé: “igreja”, “sacerdote”, “Deus”, “clero” — palavras que, para muitos franceses, soam como ruído distante e alergia incurável.

A partir desse desafio, Johnna mergulhou nas tensões culturais e espirituais, considerando as dezenas de nacionalidades, idiomas e culturas que permeiam nossos projetos na França.

Minha alegria é profunda. Mas esta coluna não é apenas sobre a Johnna — é sobre você, sobre mim, sobre todos nós.

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Vejo tantos jovens desanimando ao primeiro sinal de calor… ou frio.

Gente que reclama de tudo. Reclama quando faz sol. Reclama quando não tem sol.
Gente dizendo que não dá mais, que não consegue conciliar filhos, trabalho, rotina.
Culpam os filhos, culpam o casamento, culpam os pais, culpam a vida!

Tudo é terceirizado, e transferido.

Tudo é explicado por uma suposta causa, e ninguém assume responsabilidade de nada.
Vivemos numa sociedade líquida — onde tudo é raso, tudo tem que ser rápido, fácil, confortável.

Antes, no mínimo, o Google nos exigia montar uma síntese. Hoje, vamos direto ao GPT — já queremos a resposta mastigada.
Antes, sem celular, havia conversa. Com o celular, ficamos mais superficiais.
Agora, com o WhatsApp, não podemos nem mais ligar sem antes pedir permissão por mensagem.
Na era do fast food digital, nem respondemos mais — basta um emoji.

E ler? Escrever? Que “bicho” é esse?

Ninguém quer sentir mais as folhas das páginas de um livro. Ninguém quer tomar tempo para aprender. Para que aprender? Basta pedir para o Chat GPT, e teremos tudo pronto.

Eu espero — de verdade — que o esforço humano ainda resista nos próximos anos.
Que, quando as estátuas falarem, ainda haja alguém disposto a escutar com o coração.
Que a Inteligência Artificial seja uma ferramenta e não um senhor.
Que sejamos autores da nossa história, e não apenas usuários de um script.

Portanto, deixo aqui o convite: inspire-se na jornada da Johnna.
Ela conquistou esse marco caminhando um passo de cada vez.
Como diz o provérbio chinês:
“Uma longa jornada começa com o primeiro passo.”
Dê o seu. Hoje. Agora.

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Até a próxima.

Com carinho,
Fábio
Collonge-au-Mont-d’Or

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