Andrea Ignatti: Aqui, América, não é só essa Copa

América

O futebol não é movido só a Copa América.

Aos jogadores que não foram convocados, férias. Aos lesionados, fisioterapia. Alguns abrem mão das férias para manter condicionamento físico. Outros abrem os olhos para a janela de transferência. Treinadores dispensados, treinadores contratados.

O futebol feminino anda junto com a Copa América e está dando o que falar.

A Seleção Brasileira Sub-23 acabou de se sagrar campeã. E, voltando aos clubes, os jogadores estão sendo visto com outros olhos, como não podia deixar de ser.

Tem, ainda, jogador que não quer ficar no clube. Tem, ainda, clube que não quer ficar com o jogador. Jogador já trocou de clube. Todo mundo pensando no assunto.

Tem torcedor questionando qualidade de jogador ― mas isso não é de hoje. (Torcedor que questiona? Jogador que não joga?)

Torcedor de Seleção ainda pensando num final feliz… pra quem? Quer dizer, de qual Seleção?

Torcedor esquece do time nessa época? (Eita, saudade!…)

Então, eu me lembrei de um pequeno texto que Carlos Drummond de Andrade escreveu em 1965:

― Tenho um remorso antigo ― confidenciou-me à mesa do bar. ― Quando eu era garoto, adorava futebol de botão. Um dia, acabei com os botões do quarto de costura de mamãe, e não havia outros em casa. Fui ao guarda-roupa de vovô e saqueei-o. Coitado, o velhinho vivia na cadeira de rodas, e praticamente só usava pijama. No dia em que ele morreu, a família ficou atrapalhada para vestir-lhe um terno escuro: estava tudo sem botão.

Quando o futebol brasileiro voltar ao normal, à ativa, depois da Copa América, dá a impressão de que vai estar como os ternos do vovô…

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