Houve um tempo em que os contratos eram “apalavrados” e não “assinados”. Era tudo feito no “fio do bigode” na base da “palavra de homem”, e por aí. Episódio recente de um dos patrocinadores de Neymar expõe uma contramão naquilo que se espera de uma referência, de um candidato a ídolo.
A agência publicitária que cuida da conta de uma grande empresa do ramo de produtos essencialmente masculinos, resolveu explorar aquilo que tornou Neymar motivo de piada internacional, em uma peça publicitária. Neymar “se explica” no material publicitário através de um texto que não é dele, para um público que não é o dele.
O “cai-cai” que prejudicou o país no mundial da Rússia e que virou zombaria internacional, ficou sem resposta quando Neymar passou em silêncio pelos jornalistas, na zona mista, assim que a Bélgica havia nos derrotado, naquela melancólica despedida do mundial de 2018, ainda nas oitavas de final.
Neymar fez silêncio para o torcedor e agora “fala” artificialmente dos seus erros e acertos, do seu “jeito” de transformar o futebol e as próprias atitudes em algo menos relevante do que o modo que o torcedor enxerga.
Posso entender que há “filão” publicitário em jogo, muito dinheiro – para uma já abarrotada e polpuda conta bancária – mas existem “valores” que não se pode mensurar com cifras. São os valores de caráter, honestidade, sinceridade, trabalho, moral. Ou seja, a imagem do camisa 10 que virou chacota já está enormemente arranhada como o seu próprio desempenho e o afasta do seu anseio de chegar a ser escolhido como o melhor do mundo. Não precisava mais isso.
Será que são seus assessores ? Será que a ideia foi do pai dele ? Há quem devemos essa “bola fora”. Neymar precisa de uma assessoria profissional. E não pode demorar. O “menino Neymar” há muito já não é um menino. São 26 anos de idade, tempo precioso para quem vive do futebol.
Sua barba, as vezes propositalmente “por fazer”, mostram que o menino cresceu. Mas não pode ser só na aparência, precisa que o intelecto também acompanhe o desenvolvimento. Ele não precisa e não deve usar uma peça publicitária para se explicar. Pelo contrário, tinha que falar com a alma, das profundezas dela, para o público que ama o futebol e – muitos deles – o tem como ídolo. Mas não. Usa “artifícios artificiais” para uma ferida que estava adormecendo, mas ele fez questão de cutucar.
Neymar precisa ser mais autêntico, menos artificial. Precisa amadurecer, encarar de maneira diferente tudo o que ele representa.
A peça publicitária, entendo, foi um tiro no pé.
Pedido público de desculpas em merchandising? Uma nova modalidade do marketing ? Entendo que para ele, não foi bom.