Quando Renato Gaúcho disse que jogou mais que Cristiano Ronaldo, não era no sentido literal. Era uma provocação, daquele tipo de artimanha para desestabilizar o adversário, criar o clima e, quem sabe, tirar algum proveito da situação.
Quando Cristiano Ronaldo diz, ao final do confronto, que rir é a melhor resposta, estampasse ali as razões pelas quais o fenômeno português é cinco vezes o melhor do mundo: ele não desdenha, não entra em polêmica, não perde a classe e nem a magistral sintonia com os amantes do verdadeiro espetáculo que ele ajuda a proporcionar.
Há um abismo entre suas carreiras, seus clubes, suas realidades, seus continentes. O Mundial Interclubes vencido pela sexta vez pela equipe madrilenha só nos ajuda a entender que não dá para comparar, sonhar, julgar.
Cada qual foi ídolo dentro do seu universo, sem que seja possível traçarmos um paralelo. E nem há necessidade disso.
O Grêmio balançou as pernas contra o gigante Real Madrid na final do Mundial, como alguns outros brasileiros que chegaram ao confronto derradeiro. Difícil vivermos sempre um David e Golias. O natural não seria ganhar, seria perder. E perdemos todos nós.
O Brasil se rende a Espanha, de novo. Me lembro da final entre Barcelona e Santos, um passeio. Mas não posso deixar de lembrar de Corinthians e Chelsea. As vezes dá, mas dessa vez não deu.
Renato Gaúcho continuará sendo uma estrela, não se pode tirar o mérito do primeiro brasileiro a vencer a Libertadores como jogador e treinador. Cristiano Ronaldo continuará sendo uma estrela em outra constelação.
Não vou comparar. Melhor rir, o futebol é motivo para alegria e não revanchismo, tristeza ou magoa.
Parabéns ao Grêmio que voou longe. Parabéns ao Real Madrid que segue em voo brigadeiro para manter-se entre os maiores da história.
Só faltou um abraço entre Renato Gaúcho e Cristiano Ronaldo. Algo que pode acontecer um dia. No calor do jogo e com as personalidades envolvidas, seria difícil imaginar o contrário.
E viva o futebol.