Espírito Olímpico

“O importante é competir”. A frase que marcou a Olimpíada de Londres em 1908, foi adotada pelo Barão francês Pierre de Coubertin, fundador dos Jogos Olímpicos da Era Moderna, como lema para definir o Espírito Olímpico. Mas não demorou muito tempo para que novas frases manifestassem outros espíritos que se incorporaram ao olimpismo.

“O importante é ganhar” passou a assombrar o mundo olímpico nos mesmos Jogos de Londres, em 1908. E libertou o espírito de porco que, claro, deu as caras na Rio 2016. Atacou um ônibus que transportava jornalistas e voluntários em direção ao Parque Olímpico. Alguns dos passageiros falaram em bala perdida. A polícia que atendeu o caso informou que pedras quebraram duas janelas. O “espírito de porco” deixou muita gente assustada com a violência e louca para ir embora daqui.

Ele também marcou presença na Olimpíada do Rio, com palavras e atitudes agressivas dos torcedores nas Arenas. Mostrou seu lado machista, racista e homofóbico contra a nadadora pernambucana Joanna Maranhão. Após ser eliminada da fase classificatória dos 200 metros borboleta recebeu mensagens em sua fan page no Facebook com ataques que chegaram ao cúmulo de defender a morte dela.

Mesma situação vivida quatro anos antes, nos jogos de Londres, pela judoca carioca Rafaela Silva. Mulher, negra e pobre, nascida e criada na Cidade de Deus – comunidade carente do Rio de Janeiro -lembra com muita tristeza de mensagens no twitter recebidas após eliminação. “Tinha comentário dizendo que eu estava gastando o dinheiro que a pessoa pagava de imposto para querer ganhar roubando. Outro, ainda mais cruel, dizia ‘que lugar de macaco era na jaula’, e não nas Olimpíadas e que eu era vergonha para a minha família”. Dor que despertou o espírito guerreiro dessa carioca que treinou mais e deu a volta por cima, conquistando a medalha de ouro nos Jogos do Rio de Janeiro.

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O espírito família recuperou a imagem de um mito: Michael Phelps. Após se tornar o nadador que ganhou mais medalhas de ouro em uma única edição dos Jogos Olímpicos – foram oito em 2008, na China – foi flagrado usando drogas e abusando de bebidas alcoólicas. Chegou a ser preso por dirigir embriagado e condenado a 18 meses em condicional. Perdeu patrocinadores. Foi suspenso por seis meses de participar de competições pelos EUA. Ganhou o rótulo de garoto problema. Chegou a anunciar aposentadoria após os jogos de Londres, em 2012, onde ganhou mais quatro ouros.

Os problemas continuaram até ele procurar ajuda médica e, principalmente, reatar o relacionamento com o pai, que deixou o convívio familiar por causa do divórcio, quando Michael tinha nove anos. Phelps também virou pai e resolveu voltar a competir. Deu no que deu. Aos 31 anos reencontrou o espírito vencedor e ganhou a prova dos 200 metros borboleta na Rio 2016, se tornando o nadador mais velho a conquistar uma medalha de ouro olímpica em provas individuais, quebrando a marca que durava desde os Jogos de 1920, em Antuérpia, na Bélgica.

Histórias de redenção, superação, tristeza, alegria. Histórias épicas. Histórias comuns. Todas, sem exceção, consagram o espírito olímpico, a representação mais fiel do real espírito esportivo.

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