Vanderlei Luxemburgo está fazendo uma espécie de “Via Sacra” pelos programas esportivos para levar a mensagem de que ele ainda é capaz de realizar um trabalho vitorioso.
Nos tempos das “vacas gordas” era difícil ver Luxemburgo em tantos programas de TV. Hoje em dia, sem o mesmo cartaz de antes, mostra disposição juvenil e faz questão de aparecer em todos os lugares.
Nada mais lógico e legítimo. Todo o técnico costuma mudar a estratégia quando precisa de reabilitação. E Vanderlei precisa.
Desde a conquista do bicampeonato Brasileiro, em 2003, pelo Cruzeiro e 2004, com o Santos, não fez nenhum trabalho de destaque.
Colecionou problemas na vida pessoal e profissional. Polêmicas, derrotas e demissões que mudaram o status de vencedor para contestado. Depois de ser demitido do comando de um time chinês da segunda divisão, muitos o consideram acabado.
Daí a necessidade de comunicar aos quatro cantos que ele continua na ativa e disposto a mostrar que pode realizar um trabalho de sucesso.
Vanderlei diz reconhecer que as propostas e preferências dele “foram ruins nos últimos anos”. No entanto, palavras só, não bastam para indicar mudança de atitude.
No programa “Bem Amigos”, do SporTV, comandado por Galvão Bueno no dia 3 de outubro, se irritou ao ser questionado sobre a demissão na China. E disparou que os resultados na segunda divisão do futebol chinês são arranjados.
Não gostou de ter os insucessos no futebol internacional ligados à falta de conhecimento de outros idiomas.
Buscou mudar o sentido da pergunta, cobrando o jornalista sobre a necessidade de aprender outros idiomas. E ainda “pagou mico” quando perguntou a Galvão Bueno quantos idiomas ele falava. Cinco foi a resposta que desconcertou Luxa.
Também não admitiu estar desatualizado. E se comparou a Telê Santana que foi campeão brasileiro com o Atlético Mineiro em 1971 e, depois, só voltou a vencer nos anos 90, com o São Paulo.
No domingo, 9 de outubro, ao participar do “Aqui com o Benja”, do Fox Sports, esqueceu o que havia dito no “Bem Amigos” e desqualificou o trabalho de Pep Guardiola pelos resultados. Afirmou que Pep só venceu no Barcelona e ainda precisa de outras conquistas para mostrar que é mais técnico do que produto de marketing.
Também desmereceu Felipão ao declarar que todos os técnicos brasileiros pagam pelos pecados cometidos no 7 x 1 para a Alemanha. Além de dizer que Luiz Felipe só ganhou a Copa de 2002, por que o trabalho dele na reformulação da Seleção foi espetacular e preparou 19 jogadores da base campeã na Ásia.
No entanto, Belletti, Lúcio, Anderson Polga, Gilberto Silva, Kléberson, Kaká, Luizão e Ricardinho foram chamados pela primeira vez por Luiz Felipe Scolari. Portanto, – em relação aos 22 campeões mundiais – Felipão aproveitou 14 da base de Luxa. Não desmerece o trabalho prévio de Luxemburgo, mas não o credencia como mentor do título mundial.
Vanderlei Luxemburgo foi, para mim, o melhor técnico que vi depois de Telê Santana. Mas ele perdeu o rumo e não me parece capaz de reencontrar o caminho das vitórias.
Ele demonstra que ainda prefere desqualificar o trabalho dos outros do que qualificar o próprio.
Assim é difícil acreditar que as ideias de Luxa estão mesmo alinhadas com o que há de mais moderno no futebol atual.