Ignatti: Males que vêm para o bem… de quem?

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Deixar pra fazer a lição de casa na véspera do prazo de entrega pode ser um hábito bem comum da criança. Estudar para a prova da faculdade algumas horas antes, muitas vezes, é desculpa de alguma falta de tempo nos dias agitados. As circunstâncias talvez mudem um pouco quando resolvem prestar algum concurso e percebem que deixar pra estudar tudo o que há pra estudar no prazo derradeiro, fazer as coisas de última hora, realmente não vai dar muito certo.

Talvez essa seja uma fase (ou uma parte) do amadurecimento.

Mais tarde, entende que é necessário, por exemplo, acordar cedo para não se atrasar no trabalho; que é necessário (de novo) fazer tudo sob a mira do tempo para não atrasar o próprio trabalho.

Talvez isso seja parte (e importante) do profissionalismo.

Profissionalismo não é um fim a que se chega e pronto. Porque não é concreto: é abstrato. E tanto quem gerencia quanto quem é gerenciado, quem comanda e quem é comandado, quem administra e quem é administrado, quem treina e quem é treinado, todos — considerados profissionais — têm a mesma responsabilidade como tal.

E por que é que deixam para a última rodada do campeonato a tentativa angustiante de uma classificação? Futebol é paixão o tempo todo, de todos os lados: de quem administra, de quem comanda, de quem treina, de quem joga e quem torce. Se a gente não percebe isso, tem alguma coisa errada no meio do caminho.

Ora, sabe o que andam fazendo no meio do caminho? Demitem treinador. Dão desculpas. Dão explicações. Deixam pra depois. Ocorrem lesões (estas, involuntariamente; são imprevisíveis). Mas bem lembra a procrastinação escolar: de deixar pra fazer a tarefa de véspera, porque sabem o que têm que fazer (mas não sabem se vai dar certo…) E, se não der certo, arranjam desculpas, explicações, novos treinadores, velhos treinadores. Algo novo nisso?

Quantas vezes é preciso ficar na corda bamba para se sentirem à vontade nessa posição? É cômodo quase ter ganho ou já se conformou em quase não ter perdido? O meio-de-campo assim morno — sem defesa, que não ataca — não conforta nem torcedor nem jogador. Mil vezes a repetir: futebol é paixão. Mas alguém, em algum lugar no meio da história, se desapaixonou, se conformou demais em dar explicação no fim. Às vezes, ficamos profissionais nisso, sem perceber.

E, como diz aquele outro ditado, essa história ainda “vai dar muito ‘pato’ pra manga”.

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