A oitava rodada do Brasileirão, disputada neste fim de semana, reviveu dois antes candidatos ao título que vinham capengando na competição: Palmeiras e Atlético-MG. E ambos buscaram a recuperação fora de casa. O Palmeiras venceu o bom Bahia, na Fonte Nova. Já o time atleticano superou o São Paulo, dentro do Morumbi. A equipe comandada por Rogério Ceni havia vencido todas em casa até aqui.
O time alviverde paulista conquistou uma bela goleada, em Salvador, por 4 a 2. Foi uma tarde feliz do até então apagado e perdido treinador Cuca. O técnico fez o time adiantar a marcação e pressionar o Bahia em seu campo desde o início do duelo. A tática deu certo no primeiro tempo. O ponto fora da curva foi a jogada individual excelente do meia Zé Rafael sobre o colombiano Mina que resultou em dois milagres de Fernando Prass até a conclusão de Vinicius para o empate – àquela altura, o Palmeiras já havia aberto o placar com Roger Guedes em cobrança de pênalti.
No segundo tempo, quando imaginava-se um “abafa” do tricolor baiano sobre os paulistas, o venezuelano Guerra deu um passe simples e preciso para Keno marcar um golaço. O camisa 27 palmeirense – que começou no futebol em Salvador – deu um tapa de perna direita, de fora da área, que acertou o ângulo do goleiro Jean. O gol desmontou a equipe do técnico Jorginho e fez o Palmeiras crescer. Mas, como é de costume, o Verdão cedeu espaços e levou sustos. Após abrir 3 a 1, o zagueiro Juninho – que havia cabeceado para as redes adversárias – deu uma pixotada monstruosa e propiciou mais um tubo de oxigênio para o Bahia continuar respirando até o golaço de William Bigode colocar números finais na partida: 4 a 2.
A vitória dá uma certa tranquilidade para Cuca trabalhar o time ao longo da semana para a continuação do Campeonato Brasileiro – o próximo jogo é em casa, diante do Atlético Goianiense – e, mais do que isso, para a volta da Copa Libertadores e da Copa do Brasil. O torneio sul-americano é a obsessão da comunidade palestrina e a equipe terá páreo duro pela frente; o Barcelona, de Guayaquil. Pelo menos, a confiança parece ter sido restaurada.
Já o Atlético-MG surpreendeu o São Paulo – poderoso quando joga no Morumbi – ao vencer por 2 a 1 e sair da zona de rebaixamento. Para um dos considerados bichos-papões da competição, vamos combinar que o Z-4 era algo impensável. Cazares e Rafael Marques marcaram para a vitória mineira. Mas o segundo gol vale uma palavra especial sobre o zagueiro Lucão.
Mais uma vez, o defensor falhou e colocou a perder o trabalho árduo dos companheiros na partida. Para piorar, o jovem ainda deu uma declaração infeliz depois do apito final. De cabeça quente e incomodado pela falha grotesca, o zagueiro desabafou. “Para a alegria de muitos aí, já, já estou indo embora”. Claro que a fala pegou muito mal e ainda vai dar o que falar.
O técnico Rogério Ceni, que tanto o defendeu e apostava em Lucão, lamentou o destempero do seu pupilo. Realmente, tem jogador que não se enxerga. Talvez seja um defeito desse modelo atual de gerir o futebol, no qual os empresários colocam quem querem em clubes com escudos poderosíssimos e camisas tão pesadas. Muitos desses atletas, apesar do bom preparo físico, não possuem qualidade técnica para desenvolver o jogo.
Bem, como o Atlético Mineiro não tem nada com isso, deve comemorar. Mas cabe ao técnico Roger Machado levantar as mãos para o céu pelo resultado e tratar de recolocar o time alvinegro no caminho das vitórias e das boas apresentações. Nas próximas semanas, a equipe terá pela frente jogos duros contra Botafogo e Jorge Wilstermann pela Copa do Brasil e Libertadores, respectivamente. E vai ter que jogar muito mais para superar os oponentes e avançar nessas competições.
VIOLÊNCIA – Como destaque negativa do fim de semana, não poderia deixar de falar da selvageria ocorrida nos arredores do estádio Couto Pereira, em Curitiba, horas antes da partida entre o Coritiba e o Corinthians, na manhã deste domingo. O jogo terminou 0 a 0 e o zero serve também como nota desta passagem horripilante.
É inadmissível que, novamente, bandidos com camisas de torcidas organizadas – utilizando-as como uniformes de verdadeiras facções criminosas – entrem em ação ainda sob os raios de sol da manhã e em um local residencial para iniciar uma guerra sem sentido. Pessoas ficaram feridas e, por sorte, não houve mortes.
Após décadas, essas barbaridades continuam ocorrendo em praticamente todas as cidades onde há futebol e trazendo perigo não somente aos envolvidos, mas a todos aqueles que habitam ou frequentam as redondezas dos ataques. E nos fazem perceber que medidas como proibir camisas dessas torcidas, bandeirões em estádios ou a realização de jogos com torcida única são inócuas. Às vezes, são decisões tomadas com propósito político, já que há casos de promotores do Ministério Público que abraçaram essa causa e hoje ocupam cadeiras em assembleias legislativas. Uma vergonha. Até quando?