Andrea Ignatti: Hora de parar

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Uma das coisas mais difíceis na vida é saber a hora de parar. Parar de fumar. Circunstancialmente, parar de beber e até de comer, digamos, quando a comida está muito boa. Parar de brincar, de fazer piada. Parar de levar a sério. Parar de ler o livro às altas horas da madrugada. Parar de assistir ― temporariamente ― a maratona de séries na TV. Parar de ouvir o que não acrescenta. Parar de falar o que não edifica. Parar de criticar. Parar de falar, simplesmente. Parar de fazer de conta. Parar de correr atrás. Parar de esperar por momento certo. Parar de insistir no projeto errado. Parar de (só) sonhar. Parar de ir, parar de vir e vice-versa. Parar de engolir sapo. Parar de gritar aos quatro ventos. E, também, parar de trabalhar.

Sabe quantas vezes, nos últimos anos, perguntaram a Roger Federer quando é que ele vai se aposentar? Eu não estou contando, e acho que nem ele está; se está, deve até ter perdido a conta… Hora de parar: de fazer essa pergunta, ora, pois.

Prestes a fazer 38 anos, o tenista suíço protagonizou uma emblemática semifinal com o espanhol Rafael Nadal (de 33 anos) em Wimbledon, na Inglaterra ― o mais antigo, prestigiado e deslumbrante torneio de tênis que terminou neste domingo. E caminhou para a final, contra o sérvio Novak Djokovic, que, aos 32 anos de idade, conquistou aí seu décimo título.

Nadal já havia ganho Roland Garros. Djokovic, o Australian Open. Nesse meio-tempo, Federer conquistou seu centésimo título (entre Grand Slams, Masters e ATP Finals).

A pergunta é: quando é que vão parar esses três?

A nova geração do tênis ― Alexander Zverev, Stefanos Tsitsipas, Dominic Thiem ― anda pelos circuitos vencendo, vez ou outra, e não convencendo, vez e vez. Veja só: é hora de parar!

Parar pra refletir. Parar pra observar. Parar pra se perguntar: se o “trio dos 30” continua jogando em altíssimo nível e, cada vez mais, proporcionando partidas épicas e extremamente disputadas entre si, não é hora de parar de ficar pra trás? Os mais jovens não deveriam se motivar? Ou será que estão tão deslumbrados em ver a performance dos mais velhos que não conseguem acompanhá-los? Se não se aprimorarem, fisicamente, mentalmente, tecnicamente, vão criar um abismo tão grande entre as gerações a ponto de Djokovic, Nadal e Federer não pararem (tão cedo) de nos fazer sentir saudade desses tempos!… Tempos de tênis tenazes!…

Hora de parar? Pra pensar

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