Iramaia Loiola: Como beber nosso Querido vinho?

querido vinho

Querido Vinho,

 

Estes anos todos tenho te negligenciado e não aprendi a apreciá-lo por inteiro. Que falta de educação da minha parte! Ter que escrever sobre você, me forçou a ler e me inteirar um pouco mais sobre seu mundo. Como é vasto. Ufa, quanta informação!

Confesso, nunca olhei pra você como deveria. Não percebi tuas cores diferentes, sua viscosidade, suas lágrimas. Não, gente, vinho não chora. E nem sei se vou entrar nesse assunto. Só pra esclarecer um pouco, lágrimas se formam na taça quando giramos o vinho dentro dela. Eu não giro, nunca. Só minha cabeça que gira sempre.

Depois de olhar, hora de te cheirar. Eu nunca senti teus aromas. Como assim? Eu que te amo tanto não sou capaz de te dar “um cheiro”? Sentir teu perfume de frutas e ser capaz de identificar quais são elas? Olha, já vou te alertando de que “berries” são caras, então como vou saber quais delas você está carregando se quase nunca consumo? Tá, próxima vez eu tento. Te juro. Mas não prometo que vou acertar. Pra mim todas elas têm cheiro de frutas vermelhas, no geral, sabe. A única mais popular aqui é o morango. Na minha fruteira tem sempre banana. Mas parece que você não apresenta essa nota frutal.

Sem contar todos os outros aromas: minerais, florais, de especiarias, vegetais, herbáceos e animais. Este último item inclui até urina de gato que li por aí. Gezuis! Deu preguiça, querido vinho! Sério, é muito pra minha cabeça. Calma, vou aprender. Afinal até agora só bebi. Nisso estou expert. Bebo que é uma beleza!

Olhar, sentir seus aromas e tentar reconhecê-los e só depois disso prová-lo. Assim diz a regra. No primeiro gole tenho que saber dos taninos, que é mais ou menos o seguinte: pense quando comemos banana verde ou caqui verde e amarra a boca. É essa a sensação dos vinhos mais tânicos. Depois acidez, quanto mais ácido o vinho, mais a boca tende a salivar.

Além de lágrimas, você também tem corpo que eu tenho maltratado estes anos todos. Nem sabia que você tinha corpo, que vai do leve, passando pelo encorpado até o pesado, robusto. Não levei em consideração, apesar de saber diferenciar um vinho mais fácil de beber X um que exige um paladar um pouco mais treinado. Fui apenas comprando e experimentando de todas as uvas e agora nem sei mais te dizer qual delas é minha preferida. Gosto de tantas e sempre me fazem essa pergunta. Eu gosto mesmo é de você, querido vinho.

Prometo me inteirar de todos estes aspectos e aprender a beber de forma correta ou apenas por curiosidade. No momento, fico com o básico. Comprar uma bela garrafa, com um rótulo bacana, gelar um pouco se for necessário, abrir, servir um pouco na minha taça e aproveitar sua companhia e minha música.  Esta semana vamos de Supergrass com um hit super alegre dos anos 90, a canção  Alright.  Aproveitem o fim de semana que está só começando! Nos vemos sábado que vem, aqui: eu, vocês e nosso Querido Vinho.

12 respostas

    1. Irismo…rsrs Esper, você vir até aqui, ler minha coluna e me deixar um comentário, é tão bacana! Obrigada pelo seu tempo. Isso me motiva a escrever mais e mais.

  1. Que tudo mamys!! Eu tb não conhecia nada disso do vinho! E adorei conhecer aqui no Querido Vinho!! Tá tudo de bom!! Arrazo mamys!! ?

  2. Iramaia, sensacional sua coluna desta semana!! Sério. Você desmitifica o ato (amoroso) de beber vinho. Porque amor é aprendizado, é descoberta gradual, é experimentação. E sempre me sinto intimidado pelas apreciações “sofisticadas”, que me fazem ter vergonha de meu paladar não desenvolvido, de meu parco conhecimento de cepas e safras. Você REALMENTE nos estimula a mergulhar nos enomistérios. Obrigado e parabéns!!

    Quanto à música… Ah, que saudade dos anos 90…

  3. Ao ler teus comentários, Osmar, penso assim “ah, como gostaria de escrever como ele”…rs ADORO quando vocês complementam meu texto com tanta graciosidade. Um abraço. Ah, a música escolhi uma que me arrepiou nessa versão live pra lá de legal! Sou fã desse disco todo.

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