É preciso sentir para se entender e reconhecer a importância do nosso emocional.
Quantas vezes você já percebeu um desconforto no corpo, aquele nó na garganta, um peso no peito e não soube exatamente de onde vinha? No ritmo acelerado da vida, é fácil ignorar esses sinais e seguir em frente, pois estamos com a cabeça ocupada demais para parar e entender o que realmente está acontecendo dentro de nós. Mas será que, não parar para ouvir nossas emoções ou mesmo fugir delas, estamos realmente resolvendo algo ou apenas acumulando mais peso para o futuro?
Pense em um dia difícil no trabalho. Você recebe um feedback negativo do seu chefe e, em vez de processar o que sentiu, apenas engole a frustração e segue em frente. Um tempo depois, sem perceber, desconta a irritação em alguém em uma conversa sem importância ou se afunda no celular para tentar esquecer. Quantas vezes a gente se pega nesse ciclo? Às vezes, deixamos de parar para reconhecer o que sentimos e acabamos carregando uma bagagem invisível, que vai se acumulando sem que percebamos.
Nomear para compreender
Desde pequenos, muitas vezes, somos ensinados a esconder nossas emoções. “Seja forte”, “não se estresse à toa”, “engole o choro” — esses são alguns dos mandamentos que internalizamos. Mas, na prática, ignorar o que sentimos não faz as emoções desaparecerem. Elas apenas ficam ali, no fundo, esperando o momento certo para aparecer com mais intensidade. Nomear o que sentimos é o primeiro passo para não sermos reféns desses sentimentos.
Por exemplo, você sai de uma reunião com aquele sentimento de desconforto. A primeira reação é se culpar ou tentar justificar, mas, se parar para perguntar: “Estou irritado porque fui interrompido?”, “Será que estou frustrado por não ser ouvido?”, “Estou me sentindo inseguro por não confiar o suficiente em minha ideia?” — comece a perceber que nomear suas emoções cria um espaço para o autoconhecimento e ajuda a agir de forma mais consciente.
Pensamentos, emoções e comportamentos: tudo está conectado
Já reparou como um simples gesto de alguém pode acionar uma reação emocional em você? Imagine que um amigo cancela um encontro na última hora. Sua mente imediatamente começa a criar cenários: “Ele não valoriza nossa amizade”, “Estou sempre por último nas suas prioridades”. Esses pensamentos geram uma sensação de rejeição, e você pode acabar reagindo impulsivamente, talvez evitando contato ou até ficando chateado sem saber ao certo por quê. Mas será que essa leitura da situação é real?
Quando conseguimos identificar nossas emoções e questionar os pensamentos automáticos que surgem, começamos a perceber que muitas vezes estamos reagindo mais às nossas próprias interpretações do que aos fatos em si. “Será que houve um imprevisto?”, “Será que estou interpretando demais?” Ao adotar esse olhar mais questionador, é possível evitar sofrer desnecessário.
O mais interessante é que nosso cérebro já começa a reagir emocionalmente muito antes de termos plena consciência disso. A amígdala, aquela parte do cérebro ligada às emoções mais intensas, é a responsável por disparar sinais de alerta ao perceber o que considera uma ameaça. Se não tivermos a habilidade de observar essas reações, podemos acabar seguindo no piloto automático, sem tempo para refletir sobre o que estamos sentindo ou por que estamos agindo de determinada forma.
As práticas como mindfulness e autorreflexão são poderosas para fortalecer a parte do cérebro responsável pela regulação emocional. Quem pratica essas ferramentas desenvolve a habilidade de lidar com os pensamentos e sentimentos de forma mais equilibrada, ao invés de apenas reagir de forma impulsiva.
Curiosidade emocional: um exercício diário
Imagina se, ao invés de julgar nossas emoções, começássemos a observá-las com curiosidade? Ao perguntar “O que essa emoção quer me ensinar?” ao invés de “Por que estou me sentindo assim de novo?”, abrimos um espaço para o aprendizado, em vez da culpa. Afinal, cada emoção tem algo a nos dizer. Talvez a raiva sinalize que precisamos de mais respeito, a tristeza possa indicar uma necessidade de autocompaixão, e a ansiedade pode ser um convite para desacelerar.
Reconhecer e validar nossas emoções não significa afundar nelas, mas sim usá-las como uma bússola que nos guia em direção a uma vida mais equilibrada e autêntica. Sentir para se entender é, na verdade, um ato de coragem, e é assim que conseguimos viver com mais clareza e bem-estar.
E então, o que você escolhe fazer com o que sente?