Chegou o Carnaval! A cidade se enche de cores, a música ecoa pelas ruas, e as fantasias, cheias de brilho e criatividade, nos lembram que, por alguns dias, podemos nos entregar à liberdade de sermos quem quisermos. Há algo de mágico nesse período, não é mesmo? Dançar sem medo, sorrir sem motivo, perder-se no agora com a certeza de que a vida, naquele momento, é só celebração. Mas será que essa felicidade vibrante se limita a esses poucos dias? Ou podemos aprender com essa energia para manter o brilho e a leveza ao longo do ano?
O que torna o Carnaval tão especial?
Ao pensar sobre o Carnaval, reflito que a felicidade proporcionada por essa data não vem apenas da festa em si, mas de alguns elementos que podem e deveriam ser mais presentes na nossa vida cotidiana:
Espontaneidade: no Carnaval, é possível notar que a preocupação com o julgamento alheio desaparece. A gente se joga na dança, canta sem inibições, usa fantasias criativas e se expressa de forma autêntica. E se isso fosse possível o ano todo? E se deixássemos de lado a preocupação com o que os outros pensam e, em vez disso, buscássemos ser mais genuínos nas nossas ações diárias e menos críticos com a gente mesmo?
Presença no agora: entre um bloco e outro, estamos completamente envolvidos no presente. Não há espaço para as preocupações com o amanhã, com os boletos que chegam ou com as lembranças de ontem. Estamos ali, em pleno êxtase, vivendo a experiência intensamente. Isso é algo que a prática de mindfulness, o famoso “viver no presente”, nos ensina e que poderia ser incorporado na nossa rotina.
Conexão e pertencimento: o Carnaval cria um forte sentimento de comunidade. Estranhos se tornam amigos por algumas horas, há um clima de união e compartilhamento de energia. Mas e os outros dias do ano? Como estamos cultivando, ao longo dos meses, conexões significativas que nos façam sentir que pertencemos a algo maior, que não estamos sozinhos?
Liberdade para ser quem somos: no Carnaval, as máscaras caem (literalmente), e as pessoas se sentem livres para ser quem realmente são. Mas o que acontece quando a festa acaba? Será que, fora da avenida e dos bloquinhos, somos verdadeiros conosco mesmos ou continuamos a viver com máscaras sociais, tentando agradar ao mundo e esquecemos a nossa essência?
Agora, será que é possível trazer essa alegria para o dia a dia?
A grande questão é: por que reservamos toda essa leveza e liberdade apenas para os dias de festa? O que nos impede de viver com mais intensidade, leveza, espontaneidade e alegria durante o resto do ano?
Trago aqui algumas reflexões para nos ajudar a viver com mais “Carnaval” nos outros dias:
O que te faz realmente feliz? É fácil nos perdermos na correria do dia a dia e esquecer as pequenas coisas que nos fazem sorrir. Ouvir uma música animada, vestir uma roupa que nos deixe confiantes, dançar na sala de casa sem vergonha, conversar com um amigo… Pequenos momentos de alegria, se cultivados diariamente, podem trazer um sabor especial à vida.
Você tem vivido no presente ou no automático? No Carnaval, estamos totalmente focados no agora. Mas no nosso dia a dia, muitas vezes estamos pensando no que vamos fazer amanhã ou remoendo o que fizemos ontem. Que tal praticar a presença? Prestar atenção no cheiro da comida, no toque de um abraço, na respiração… Esses momentos de atenção plena podem transformar o ordinário em algo extraordinário.
Você se permite ser quem é? No Carnaval, há uma liberdade de ser. Mas e quando a festa acaba? Você tem se permitido viver de acordo com seus próprios valores e desejos, ou tem se preocupado em corresponder às expectativas dos outros? Ser quem somos, sem máscaras, é uma forma poderosa de encontrar a verdadeira felicidade.
O que você faz para fortalecer suas conexões? A felicidade também pode ser encontrada nas relações. Como você tem cultivado as suas? Passar tempo com amigos e familiares, oferecer um gesto de carinho, se permitir compartilhar com os outros — tudo isso é uma forma de semear a felicidade nas suas relações, todos os dias.
Ser feliz é uma responsabilidade nossa: autoliderança e escolha
A grande chave para viver a felicidade que experimentamos no Carnaval nos outros dias é entender que a felicidade não é algo que vem de fora, mas algo que cultivamos dentro de nós. Ser feliz é uma responsabilidade nossa, e essa responsabilidade está atrelada à nossa capacidade de fazer escolhas conscientes e tomar a liderança sobre a nossa própria vida emocional. A autoliderança, neste contexto, não é apenas sobre ser o “chefe” de nossa vida, mas sobre ser o responsável pelas nossas atitudes, pela nossa alegria, pela nossa capacidade de nos conectar com o presente e com os outros. Somos nós que escolhemos se vamos deixar a felicidade acontecer, ou se vamos buscar ativamente cultivá-la a cada dia.
O Carnaval pode acabar, mas a alegria não precisa
Se o que buscamos no Carnaval é um respiro de alegria e liberdade, talvez seja hora de perceber que essa energia vibrante não precisa desaparecer após a Quarta-feira de Cinzas. A felicidade do Carnaval é, na verdade, uma expressão daquilo que podemos viver em nossos dias: a liberdade de sermos nós mesmos, a entrega ao momento presente, a conexão com os outros e a ousadia de sermos espontâneos.
Sim, a festa vai acabar, mas a verdadeira questão é: o que podemos fazer, hoje, para trazer mais cor, mais leveza e mais alegria ao nosso cotidiano? O Carnaval vai voltar, mas a felicidade não precisa esperar. A escolha é nossa e é diária. O que você tem escolhido viver? Se pra você ainda é muito difícil fazer essas escolhas, busque ajuda, afinal, não estamos sozinhos.
Uma resposta
É isso! Do lado de dentro do peito a gente escolhe a música que embala nossa rotina. Algumas nos fazem dançar, outras, nem tanto. Nesses bailes, quase sempre solitários, dançamos muito pouco e passamos o tempo contemplando com ares de desejo quem ou o que valsa em nossos lugares.