Kacau: Black Friday – Apenas uma jogada que induz ao consumo ou realmente uma vantagem?

Teoricamente, a Black Friday é a última Sexta-feira do mês de Novembro, repleta de promoções e descontos tentadores em todos os segmentos. É uma tradição vinda dos Estados Unidos, que ocorre após o Dia de Ação de Graças, mas que já se espalhou com força pelo mundo inteiro.

Para o comércio, inclusive o on-line, é a oportunidade de vender muito, lucrar horrores, liquidar o estoque e se livrar até do que não vende. Para o consumidor, é o momento de comprar o que até então parecia inviável pelo custo, ou adquirir produtos com bons descontos, sejam pela metade do preço ou simplesmente por um valor consideravelmente mais acessível ao bolso.

Mas, na prática, a Black Friday começa mesmo antes da última sexta com o “esquenta black”, onde algumas promoções são lançadas para estimular o consumidor e dar uma prévia do que vem pela frente, o que aliás é uma estratégia importante, pois as vezes chama mais atenção do que a própria Black Friday, porém, ela continua na semana seguinte e assim se estende.

Para uma estratégia de  Marketing, com certeza a Black Friday é uma das principais datas do ano no quesito “vendas”, e o movimento tomou proporções gigantescas a ponto de que o cliente procura o estabelecimento sem necessariamente ter visto algum anúncio promocional, mas porque sabe que haverão ofertas. Portanto, é importante que todo o produto ou serviço se envolva com o tema, oferecendo alguma vantagem real ao consumidor.

E por falar nisso, em tempos de Black Friday, geralmente as grandes marcas buscam chamar a atenção com ofertas criativas, ousadas, inovadoras e aparentemente vantajosas.

Vejamos alguns exemplos das estratégias que grandes marcas usaram na Black Friday desse ano:

Crossover entre Burger King, Casas Bahia e Ponto
O Rei do Hambúrguer tomou a frente e se uniu com as Casas Bahia e Ponto, em uma parceria voltada para otimizar as promoções, atingir um público maior e aumentar as vendas. A parceria foi uma troca onde os clientes do Burguer King tiveram acesso a produtos com até 50% off no app das Casas Bahia e Ponto, enquanto os clientes que efetuaram compras pelo aplicativo dessas lojas, tiveram acesso a duas ofertas exclusivas e deliciosas do BK. Ou seja, uma estratégia de crossover, onde as marcas cooperam entre si para maximizar os resultados. Uma parceria vantajosa para todos, inclusive para o público.

Samsung investiu no Marketing de Influência 
Eletroeletrônicos são alguns dos itens mais procurados na Black Friday, mas escolher a melhor Smart TV não é tarefa simples. Por isso, visando uma campanha direta a fim de levar o máximo de informações ao consumidor, a Samsung investiu no Marketing de Influência, convidando influenciadores e criadores de conteúdo para explicarem melhor sobre os diferenciais e vantagens de cada modelo que eles oferecem. Tudo isso através de vídeos, em uma parceria com o Twitter ArtHouse.

Hershey’s disparou descontos de até 70%
Quem passeou pelos sites das Americanas, Magalu, Mercado Livre e IFood, se deparou com chocolates mais baratos, já quem acessou o próprio site da Hershey’s, encontrou descontos de até 70%. Na verdade, a marca adotou a estratégia de comparar a ação do ano anterior, que já havia dado certo, e tentou superá-la este ano.

Americanas ousaram em 80% de desconto, além de promoção para o Rock in Rio
Com um nome diferente, a Red Friday das Americanas planejou descontos de até 80% em eletrônicos, além de produtos para a casa e beleza, mais 50% de cashback em determinadas ofertas a quem pagasse com o app Ame Digital. E para finalizar, por sinal até a data de hoje (01/12), nas compras acima de R$ 100,00 pelo app da loja, o cliente concorrerá a dois ingressos para o Rock in Rio 2022. Uma estratégia que estimula e incentiva a compra.

Buser apostou em passagens quase de graça!
As passagens aéreas não chegaram a tanto, mas as de ônibus sim. A Buser, uma plataforma de fretamento colaborativo de ônibus, lançou descontos de até 90% nesta Black Friday, além de outras vantagens aos passageiros, como a distribuição de vouchers e trechos gratuitos para clientes de primeira viagem.

Mas será que é assim que realmente acontece?
Com certeza você se deparou com ofertas parecidas, ofertas reais e muito boas, ou na pior das hipóteses, não viu muita vantagem na Black Friday desse ano.

O fato é que muitos consumidores já não olham mais para a data com bons olhos, mas sim como uma data oportunista que ilude o consumidor, o que inclusive já deu origem ao nome Black Fraude. É claro, não podemos generalizar, até porque existem marcas que levam a data a sério e respeitam o público, cumprindo com a proposta, mas sabemos que existem também muitas lojas que iludem o cliente, aumentando o preço antes, para depois dar o desconto, anunciando este valor como se fosse um preço especial, quando na verdade o produto apenas voltou ao seu preço real.

Consumidores mais atentos já se depararam inclusive com produtos que na Black Friday apresentaram valores ainda maiores do que em tempos não promocionais.

Por essa razão, anunciar a Black Friday não basta, é preciso planejar boas ofertas, descontos verdadeiros e adotar estratégias realmente interessantes e vantajosas ao consumidor.

Para isso, é preciso levar em conta que a Black Friday está cada vez mais digital. De acordo com uma pesquisa do EBIT/Nielsen, a maior plataforma de opinião do consumidor do Brasil, mais de 400 mil consumidores, começam a comprar pela internet na Black Friday, até porque o e-commerce costuma oferece descontos maiores.

O fato é que a tecnologia oferece inúmeras vantagens e facilita a aplicação do Omnichannel, permitindo ao consumidor escolher e comprar da forma como melhor lhe convém. Esse tem sido um diferencial, tanto para uma data como essa e também para outras datas comemorativas.

A surpresa deste ano, foi em relação ao segmento que mais cresceu em vendas: os itens de Supermercado, em geral, alimentos e produtos de limpeza. De acordo com a revista Exame, através de dados recebidos pelo Marketplace, o segmento cresceu exatos 266% em vendas, em comparação ao ano passado. E mais uma vez, os dados da EBIT/Nielsen, apontam os alimentos no Top 10 dos insumos mais procurados.

Porém, descontos e vantagens à parte, a Black Friday pode se transformar em um verdadeiro caos em alguns pontos de venda e determinadas situações. Durante o período das ofertas, para o consumidos on-line, os sites podem ficar mais lentos ou até mesmo saírem do ar. Para o consumidor que vai até o ponto de venda, a disputa pelo espaço, pelo produto, atendimento e a demora nas filas provocam desgaste, discussões e as vezes até mesmo a desistência do produto.

Sendo assim, as empresas precisam estar preparadas para receber com uma estrutura que atenda a demanda, pois não basta vender, e sim manter o consumidor satisfeito com a compra. Nesse momento, ter estratégias e um suporte adequado para dar sequência na compra minimizando o inconveniente e o estresse dos clientes, é fundamental.

A entrega é outro fator essencial. Muitas empresas, conseguem disparar nas vendas com a Black Friday, mas não tem estrutura e logística capacitadas e suficientes para entregar os pedidos. A entrega rápida, segura, além do famoso “frete grátis” ou barato, podem ser os fatores decisivos na hora da compra.

Por fim, tenhamos a consciência de que independente do preço, das ofertas ou promoções tentadoras, o ato de “comprar” deve ser apenas mediante necessidade. Se não precisar, não compre! Comprar sem necessidade, apenas porque está barato, não é uma opção, e sim uma despesa que podemos evitar.

Por Kacau

Imagem de Capa – Pixabay

**O conteúdo e informação publicados são de responsabilidade exclusiva do colunista e não expressam necessariamente a opinião deste site.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Esse site utiliza o Akismet para reduzir spam. Aprenda como seus dados de comentários são processados.

Compartilhe esta notícia

Mais postagens