Dias agitados, noites em alerta. Na rua, a pressão e o preconceito da sociedade. Em casa, a autocobrança.
Enquanto isso, tentar equilibrar vida pessoal, profissional, e o medo de não conseguir ser uma boa mãe para o filho que precisa de cuidados especiais. Essa é a rotina de boa parte das “mães atípicas” – mulheres que têm filhos neuroatípicos ou com alguma deficiência física ou intelectual.
Além dos desafios da rotina, mães atípicas ainda têm que lidar com falta de preparo e o preconceito.

Os dias são sempre muito agitados, e cada momento é um alerta para quem é mãe atípica. Na rua, fora do conforto de casa, sempre um risco de sofrer o preconceito da sociedade.
Enquanto isso, muitas mulheres tentam equilibrar a vida pessoal, profissional, e o medo de não conseguir ser uma boa mãe para o filho que precisa de cuidados especiais. Essa é a rotina de boa parte das “mães atípicas” – mulheres que têm filhos com alguma deficiência física ou intelectual.
segundo dados divulgados pelo Instituto Baresi, em 2012, no Brasil, cerca de 78% dos pais abandonaram as mães de crianças com deficiências e doenças raras, antes dos filhos completarem 5 anos de vida.
Aliado ao estresse crônico do dia a dia e à falta de rede de apoio somam-se ainda o déficit de profissionais capacitados para atendimento das crianças com deficiência, os altos custos do tratamento (que podem chegar a R$ 50 mil mensais), o baixo poder de absorção de demanda pelo SUS, a falta de tempo que a mãe atípica tem para si mesma…


A maternidade é uma jornada repleta de desafios, e para aquelas que são mães de crianças no espectro autista, a caminhada se torna ainda mais complexa. O Transtorno do Espectro Autista (TEA), uma condição que impacta a comunicação, interação social e comportamentos desde a infância, é um componente integral dessa experiência única. Nesses trajetos individuais, as mães enfrentam batalhas diárias marcadas por um amor incondicional e desafios únicos, desde a busca por compreender as necessidades específicas de seus filhos até a luta incansável para garantir que os direitos fundamentais, assegurados por lei, sejam respeitados.
Cada criança com TEA é única, com habilidades, desafios e características distintas. Algumas podem ter dificuldades na comunicação verbal, enquanto outras exibem talentos notáveis em áreas específicas. Reconhecer e celebrar essa diversidade é essencial para uma compreensão mais completa e empática do autismo.
O impacto do autismo se estende além da experiência individual da criança, envolvendo toda a dinâmica familiar. Mães de crianças no espectro autista enfrentam desafios que vão desde o diagnóstico até a busca por serviços e apoio. Compreender o impacto nas famílias é crucial para construir uma sociedade mais inclusiva e solidária.


No entanto, muitas vezes, as mães se veem confrontadas com a ausência de conhecimento e compreensão por parte da sociedade em relação a essa condição complexa. A falta de consciência contribui para um ambiente onde o estigma persiste, dificultando a aceitação e o apoio.
50% das mães de crianças com autismo apresentavam níveis elevados de sintomas depressivos. Isso porque toda energia e esforço vão para a criança, e muitas vezes esquecem de cuidar de si.
Segundo estudos internacionais, mães de pessoas com TEA têm níveis mais elevados de ansiedade e depressão do que outras mães. Dito isso, vale destacar que o autocuidado não é um luxo e nem uma atitude egoísta, mas é uma estratégia vital para enfrentar os desafios diários com mais equilíbrio emocional. É uma necessidade para as mães de crianças no espectro autista. Priorizar o próprio bem-estar não apenas beneficia a mãe, mas também impacta positivamente o ambiente familiar.
CARTA ABERTA DE UMA MÃE ATIPICA
Nós, mães de crianças, jovens ou adultos com deficiência, vivemos o que muitos chamam de “maternidade atípica”.
Não escolhemos ser “mães atípicas”…Talvez, quem sabe, tenha a maternidade atípica nos escolhido?
Essa é apenas uma dentre tantas outras perguntas que, provavelmente, jamais saberemos a resposta. Perguntas que há muito já deixei de fazer. Afinal, pouco importa “por que com meu filho?”, “por que eu?” ou “como seria se ele fosse diferente?”.
Aprendi que, na maioria das vezes, as respostas para essas indagações trazem ainda mais angústia e nenhum alívio, agregando mais dor aos nossos corações.
De uma forma geral, a maternidade sempre foi romantizada pela sociedade através dos tempos e a maternidade atípica não “escapou” dessa visão idealizada.
Assim, a ideia que muitos têm a nosso respeito é, geralmente, uma imagem equivocada, muitas vezes diferente da realidade.
Para citar alguns exemplos: geralmente, somos definidas como mulheres que sempre sabem lidar com a situação e que não cometem erros. Não restam dúvidas de que não medimos esforços na jornada em que empreendemos todos os dias, ao lado de nossos filhos, e, por esse motivo, somos, sim, guerreiras! Entretanto, por vezes, a cobrança é muito grande e, apesar de agirmos como “super-heroínas”, em muitos momentos rompendo nossos próprios limites, NÃO possuímos superpoderes!
Contudo, o julgamento adotado por algumas pessoas pode ser infinitamente mais cruel: a culpabilidade materna. Nos tempos atuais, ainda é possível encontrar pessoas que culpam as mães pelo autismo de seus filhos, por exemplo. É desumano imputar uma culpa como essa a uma mulher que já carrega sobre seus ombros uma grande responsabilidade, tamanha a quantidade de tarefas e papéis que precisa desempenhar.
Muitos ainda se esquecem de que, antes de sermos mães, somos mulheres e de que também devemos cuidar de nós mesmas, não constituindo pecado algum reservar um tempo para tratar da aparência, tomar um café com as amigas, praticar exercícios, investir em um novo curso ou hobby. Enfim, lembrar que existimos!
Como todas as outras mães, nós também sentimos medo; erramos; sofremos; rimos; choramos e, algumas vezes, precisamos de um ombro amigo para desabafar.
Durante muitos anos, fomos esquecidas pela publicidade. Éramos as “mães invisíveis”, aquelas que jamais apareciam nos comercias do Dia das Mães. Recentemente, essa situação mudou: já estamos minimamente representadas nos anúncios publicitários.
Assim, com pequenas (grandes!) conquistas, vamos, todos juntos, modificando a sociedade e, consequentemente, o mundo. É verdade que ainda há muito a realizar, muito a fazer, mas tenho certeza de que garra, disposição e coragem não nos falta!
Feliz dia das mães para todas nós!!!
–
“Feliz dia das mães para você!
Que mesmo quando está triste,
Não desiste, insiste,
Persiste, resiste!
E nos faz crer
Em um amanhã de luz, fé e esperança
Quando os homens serão iguais,
E neste tempo de bonança,
Onde seremos todos especiais,
Respeito, empatia e tolerância
Prevalecerão em todas as relações pessoais
Feliz nosso dia 🥰