Eu cheguei a pensar que o evangelista João estava errado!

Bom dia meus queridos amigos,

Eu cresci lendo os evangelhos do Novo Testamento. Há um texto no evangelho de João que sempre me chamou a atenção: o evangelista diz que Jesus saiu da Judéia e iria para Galiléia. Portanto, era-lhe necessário passar por Samaria.

Eu nunca entendi. Na realidade, João estava equivocado. Calma! Deixo te explicar: Do ponto de vista geográfico, cultural, étnico “não lhe era necessário”. Pelo contrário, Jesus correria risco de vida, poderia ser linchado, atacado, e no mínimo não ser recebido ou não ser bem vindo porque o mesmo texto diz que os judeus não se davam com os samaritanos.

Pois bem, quem conhece o texto sabe que “era-lhe necessário” porque a sua passagem por Samaria proporcionou um encontro. Quem conhece o texto, sabe que uma mulher samaritana estava no poço e precisava deste tal encontro divino, não programado, absolutamente espontâneo, mas estranhamente ocorrido na hora certa, no lugar certo, nas circunstâncias exatas ainda que todos estes fatores hora, lugar e circunstâncias se fossem colocados de uma forma estratégica para tal encontro seriam improváveis.

Dito isto, João não estava equivocado. Conquanto não fosse necessário Jesus passar por Samaria, paradoxalmente, era-lhe necessário!

Você já experimentou algo assim? Você já se viu no lugar e hora, momento e circunstâncias que não tinham sentido, mas no final de tudo, depois de alguns dias, depois de algumas semanas, ou até mesmo depois de alguns meses ou anos, você se dá conta que a hora estava certa, o momento era apropriado e as circunstâncias eram inexplicavelmente perfeitas.

Eu já vivi muitas vezes este quadro nestes últimos anos. Escreveria um livro sobre dezenas destas experiências.

As pessoas nesta coluna me deram permissão para usar os seus nomes.

Um encontro que começou nas nuvens e envolveu no mínimo as cidades de Besançon, Lyon, Tóquio, Londres, Chicago e São Paulo. Johnna ao lado do nosso mais recente amigo de jornada, Gilberto.

A minha querida amiga Shirlei estava no avião chegando na Europa quando começou a conversar com um senhor há uns dois meses. Ela não o conhecia. Conversa vai, conversa vem; o tal senhor se apresenta. O Gilberto lhe disse que havia morado no Japão por muitos anos e que estaria fazendo projetos similares aos nossos projetos, mas em Londres – sobretudo trabalhando com um Coffee Shop!

Imediatamente, a Shirlei lhe disse que deveria entrar em contato comigo, pois o Fábio (eu) havia morado no Japão, vivia na Europa, desenvolvia diversos projetos multiculturais, sobre espiritualidade e também havia começado um Coffee Shop no centro da cidade.

Eu estava fazendo um bolo de cenoura com calda de chocolate para o nosso Coffee Shop quando eu recebi um telefonema. Era o Gilberto. Não demorou muito e logo descobrimos que tínhamos mais de um amigo em comum. Descobrimos que o meu querido amigo Cleverson que leu o rascunho do meu livro antes de ser publicado, conhecia o Gilberto. Descobrimos que muitas das nossas conexões no Japão, elas se cruzavam. Descobrimos que tínhamos amigos em comum na cidade de São Paulo. E mais ainda: na semana passada, a Johnna viajou para Londres, e quando propôs ao Gilberto de conversar sobre os nossos projetos de Lyon, e falar um pouco de toda a dinâmica multicultural na qual vivemos, descobrimos que também estava em Londres nada mais, nada menos do que o nosso querido amigo em comum, Cleverson.

Já havia um tempo que o Cleverson não se encontrava com a Johnna. Até porque ele se casou com a Rayziel e estava vivendo entre o Japão, Filipinas e Londres.

Aliás, se tivéssemos que colocar todas estas peças juntas dentro de um quebra-cabeça do ponto de vista estratégico e fazendo um planejamento meticuloso como homens de negócios o fazem, medindo perdas e ganhos, estratégias de marketing e recursos humanos, planos de logística e contabilidade, jamais chegaríamos nesta equação quântica!

Eu acho extraordinário perceber que as “Samarias” são necessárias na nossa existência ainda que não tenham sentido do ponto de vista de um horizonte imediato. Eu acho fascinante entender que as nossas vidas são recheadas de encontros “sem sentido”, mas se imiscuem com fatos inusitados, e muitas vezes somos pegos por surpresas inexplicáveis.

Eu te convido a olhar para o alto e viver a vida com a consciência que cada encontro simples, cada amanhecer, cada conversa sincera, cada amizade genuína poderá te levar a experiências inimagináveis.

Das alturas de um avião entre o Brasil e a Europa, passando por pessoas desconhecidas e amigos em comum, para terminar em um chá da tarde gostoso e de conversas agradabilíssimas na linda cidade de Londres. É inimaginável!

Eu te convido a refletir em coisas que são ordinárias, ao invés de esperar sempre pelo chamado extraordinário. Até porque frequentemente o ordinário se imiscui com o extraordinário! Você é capaz de discernir o extraordinário no ordinário? Você é capaz de ver o sagrado em cada flor, cada olhar, cada refeição e cada abraço humano?

Eu desejo a você uma semana cheia de encontros ordinários, porque quando você menos perceber, quando você menos esperar, quando você tampouco se der conta, você estará pisando em chãos extraordinários.

Isto sim: uma arquitetura repleta de encontros humanos que parecem ser muito mais encontros com “anjos” do que com seres humanos na trajetória da nossa jornada que é uma trilha que poucos percorrem. Você sabe por que poucos percorrem tal trilha?

Porque muitos estão distraídos, muitos estão tão ocupados que não percebem a espiritualidade, presença divina e múltiplos convites que o Alto nos faz para não chamar de coincidência aquilo que “era-lhe necessário” e que está constantemente na nossa volta.

Um beijo grande a todos vocês.

Até a próxima!

Fábio

Collonges-au-Mont-d’Or

**O conteúdo e informação publicado é responsabilidade exclusiva do colunista e não expressa necessariamente a opinião deste site.

Imagens: Arquivo pessoal do colunista

Observação foto de capa: Johnna (Estados Unidos), Cleverson (Brasil) e a sua esposa Rayziel (Filipinas) em Londres. Uma alegria rever o nosso amigo que conhecemos no Japão e conhecer a sua esposa.

 

 

4 respostas

  1. Excelente reflexão. Parabéns! Eu e o Giba, como carinhosamente o chamamos, estudamos no mesmo Seminário em Atibaia. Ele foi para o Japão, e eu para a Turquia. Hoje ele está em Londres, eu na Bulgária, alcançando Turcos.
    Ele tem uma filha no Japão, eu uma filha na Turquia, também fazendo BAM, num coffe shop… Bênçãos sobre a vida de vocês.

  2. Uau, que incrivel 🙌👏👏ja vivi o privilégio de encontros assim e peço sempre em minhas oraçoes que o Espírito Santo continue proporcionando conexões que so ele pode fazer

  3. Agradeço a menção honrosa as obras do Deus criador e estrategista a quem sempre quero amar todos os meus dias, aos amigos de caminhada e aos momentos mais do que eucarísticos vividos nesta experiência.

    Meu pedido a Deus com vocês e por vocês: Faz de novo, Deus!

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