Bom dia meus queridos amigos!
Se você nos acompanha nas redes sociais, já sabe que estamos no Brasil…
De modo que a coluna de hoje, eu a escrevo da linda Paraty…
Paraty das igrejas do período colonial português…
Paraty dos engenhos de açúcar, Paraty do lindo centro histórico…
Paraty da Mata Atlântica e da natureza que nos convidam a olhar para o alto…
Olhar para o Criador…
Paraty da aguardente, Paraty do tão conhecido drinque da Gabriela cravo e canela…
Paraty de Jorge Amado, Paraty de tantas histórias…
Ora, eu não preciso dizer que foi a Sophia…
Exatamente.
Foi a Sophia quem perguntou a minha esposa a intrigante questão que me inspirou o texto de hoje.
São quase 20 anos que estou fora do Brasil. Foram quase 20 anos que estive transitando entre múltiplas culturas e viajando na periferia da cultura brasileira. Caso você queira saber mais desta jornada tão singular, leia o meu texto no portal: Um sonho. Um inconsciente brasileiro. Uma oportunidade…
A primeira vez que senti uma espécie de banzo*, eu morava em Barcelona, acredito que já era o meu terceiro ano consecutivo que não tinha contato com a cultura brasileira e raramente com o idioma Português…
Um querido amigo sueco me convidou para visitar a sua familia em uma das pequenas cidades da linda Suécia, e depois fomos até Estocolmo…
Ele me fez uma grande surpresa ao me levar à um bar enquanto o jazz, a música ao vivo, o ambiente, eram iluminados e regados pela extraordinária bossa nova do Tom Jobim…
“Olha que coisa mais linda, mais cheia de graça…”
Provavelmente naquela noite, apenas eu e a garota que cantava, éramos os únicos brasileiros da sala…
Isto posto, nestes últimos anos entre “idas e vindas” ao Brasil, eu me lembro cada vez mais da tal experiência em terras suecas.
Na realidade, aquela atmosfera brasileira em um frio escandinavo invadiu o meu coração e me aqueceu…
De lá pra cá, a viagem tem sido cada vez mais intensa. Nos últimos 5 anos, as minhas vindas ao Brasil me fazem pensar na minha jornada espiritual, na estrada da minha existência com múltiplas culturas que tem a ver com a minha identidade, mas que cada vez mais passa pela trilha verde e amarela que tem a ver com a parte mais intrínseca do meu ser, tem a ver com a minha cultura matriz, tem a ver com algo que está irremediavelmente conectado com o meu ser: ser brasileiro.
Enquanto visitamos lugares históricos, entramos em padarias, tomamos sucos naturais de todos os sabores possíveis e alguns inimagináveis para que vem da Europa, apreciamos o carinho e a simpatia de todos, observamos o verão e as suas múltiplas maneiras de falar e se relacionar conosco através da brisa suave, através do mormaço tropical e sobretudo o nosso coração se enche de gratidão por amigos e familiares que nos tem acolhido com tanto carinho….
Eu estou pensando em você. É isto mesmo!
Eu estou escrevendo para você…
Eu estou escrevendo para cada um de vocês que nos escreveu, enviou uma mensagem no WhatsApp, veio nos dar um abraço…
Obrigado por tanto carinho!
Obrigado também por fazer ainda mais complicada a nossa resposta para a Sophia 🙂
Dito isto, eu tenho que dizer o que a minha esposa respondeu com lágrimas nos olhos a minha filhinha…
“O nosso trabalho não está no Brasil, Sophia. Nós estamos no Brasil de férias”. Assim a minha esposa, Johnna, começou uma tentativa de resposta a minha filha enquanto a Júlia se balançava incansavelmente na balança criada pelos avós no quintal da linda casa em Atibaia cercada de plantas e decorações que nos permitem fazer uma viagem através de fotos destes últimos literalmente 100 anos de histórias da nossa familia e que cobrem pelo menos quatro gerações…
É fantástico perceber que uma menina de 8 anos que tem tido a oportunidade de viajar o mundo percebe a inegável simpatia de um povo que sabe ser gentil sem fazer esforço…
A minha oração é que as discrepâncias sociais, inimizades políticas, diferenças exorbitantes de oportunidades do ponto de vista econômico e educacional diminuam…
É a minha mais sincera oração pelo Brasil.
Até porque tal pergunta foi feita por uma outra pessoa da nossa familia. A minha esposa, Johnna, que com muita tristeza me perguntou: “Fábio, porque o Brasil não pode ser como um destes muitos países que conhecemos onde há igualdade social, segurança e oportunidades para todos?”
Você sabe me responder? Você pode me ajudar nesta façanha quase impossível…
Eu sinceramente não sei…
Eu sinceramente não tenho resposta.
Depois de visitar tantas vezes a Alemanha e ter vivido no Japão, a única resposta que me veio na mente foi, “Parece ser mais fácil reconstruir um país esmagado pela guerra do que consertar um Brasil que jamais viu uma guerra do tamanho da segunda guerra mundial e tampouco conhece o significado de ser destruído por uma bomba atômica.”
Um beijo grande a todos vocês enquanto seguimos nesta jornada dos pastéis de feira, água de coco, quindim e pão de queijo…
Aliás, você já percebeu que eu estou de férias, e o meu colesterol e triglicérides também:-)
Até a próxima!
Fábio Muniz
Paraty, Brasil
*Banzo significa estar triste, pensativo, atônito. O termo banzo era usado pelos africanos, na época da escravidão no Brasil, quando eles queriam dizer que estavam com saudades de sua terra natal, que estavam muito tristes, diziam estar banzos. O termo foi incorporado ao vocabulário coloquial brasileiro
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Respostas de 6
Só falta agora vc vir passear em Salvador-Bahia e mergulhar ainda mais na cultura brasileira.
Meu querido Willians,
Obrigado por passar por aqui. Você tem total razão. Você sabe que o mais próximo de Salvador que eu cheguei, foi ter ido a Ilhéus há quase 30 anos:-) Eu gostaria muito de ir a Salvador. Não faltará oportunidade. Um forte abraço.
Fábio
Aah, bem vindos meu irnãozinho Fabio e família, São tantas perguntas difíceis de responder sobre nosso amado Brasil. Por enquanto só nos resta agradecer a Deus por tudo de bom que temos e somos e pedir muita fé e sabedoria para mudarmos tudo aquilo que precisamos neste incrível país.
Obrigado, Marcelinho.
Meu amigo, é simples assim. Eu estou de acordo com você.
Cabe a nós…
Ter a capacidade de mudar aquilo que podemos mudar. Ter a capacidade de construir um tijolinho ainda que pareça insignificante.
Um forte abraço.
Fábio
Matando a saudade e curtindo minhas sobrinhas nessa terra tão acolhedora! Lindas!
Que alegria estar aqui com vocês, Alê!
Beijo grande.
Fábio