Fábio Muniz: Quem criou Deus?

Bom dia meus amigos queridos!

Talvez você tenha começado a ler esta coluna curioso pelo título que traz uma pergunta no mínimo intrigante.

Talvez você esteja esperando uma resposta do ponto de vista teológico…

Talvez você esteja esperando um argumento filosófico…

Talvez você não esteja esperando nada…

E apenas continua curioso ou curiosa para descobrir por qual trilha esta coluna vai te levar…

Vamos começar?

Ora, se você tem filhos pequenos, saberá que muitas das perguntas mais complexas não vêm das salas de mestrados, tampouco elas vêm das reuniões com científicos, teólogos ou matemáticos…

Pelo menos, esta tem sido a minha experiência.

Elas vêm dos nossos filhos. Simples assim.

Elas vêm da inocência daqueles que olham para nós e pensam que temos todas as respostas para todas as perguntas do planeta…

Elas nascem da sabedoria ingênua de criaturas que estão descobrindo o mundo…

E nós, como pais, somos responsáveis, somos tutores, somos mentores dos “discípulos” que nos vêem como infalíveis e dotados de super poderes…

Será que este fenômeno só acontece na minha casa?

Será que eu sou o único pai que fico na chamada “sinuca de bico” quando converso com as minhas filhas Sophia e Júlia?

Eu sei que estou falando com você também.

Bem-vindo ao clube!

Dito isto, eu tenho que começar dizendo que a pergunta do título da coluna de hoje foi feita por uma garotinha de 6 anos que morava em Canterbury, cidade do Reino Unido.

Ela decidiu escrever uma carta para Deus.

Na sua carta com letras garrafais e bem claras estava escrito “QUEM TE CRIOU?”

De modo que o seu papai com muita sabedoria ouviu atentamente as suas questões, leu a sua carta com muito carinho e a enviou para o bispo responsável da paróquia de Canterbury.

Pois bem, o excelente teólogo Rowan Williams recebeu tal carta, analisou e decidiu responder à esta garotinha de 6 anos.

A partir daqui, eu traduzo e ao mesmo tempo parafrasearei a sua resposta…

Querida Lulu – Ninguém me inventou – mas muita gente me descobriu e ficaram muito surpresos. Eles começaram a olhar para o mundo. Eles começaram a olhar para as estrelas e o infinito universo. Eles começaram a olhar para estas montanhas imensas. Eles começaram a sentir o barulho das águas dos oceanos e sentirem o vento. E assim, eles começaram a pensar, refletir e concluir…

Tudo isto é muito bonito.

Tudo isto é realmente muito misterioso.

Mas, de onde tudo isto vem?

Ora, eles começaram a me descobrir quando eles começaram a ficar em silêncio.

Eles começaram a me descobrir na quietude dos seus corações.

Eles começaram a sentir uma paz inexplicável!

Eles começaram a sentir uma serenidade jamais vista!

Eles começaram a sentir uma alegria inimaginável!

Eles não esperavam tais experiências, emoções e sentimentos…

Pois bem, a partir deste ponto eles começaram a inventar ideias e conceitos sobre mim.

Algumas destas ideias tinham genuinamente a ver comigo. No entanto, outras tantas ideias não tinham a ver comigo, nem com a minha pessoa, tampouco com o meu caráter.

De tempos em tempos, eu comecei a enviar sinais. Eu comecei a enviar formas e dicas de quem eu sou, como eu vejo a vida, o meu desejo de me relacionar com a minha criação e os seres humanos.

De tempos em tempos, eu comecei a enviar sinais. Eu comecei a ser mais claro e mostrar que o meu amor é incondicional. O meu jeito de ser é imutável. Eu sou o mesmo. Sempre fui. Apesar das ideias equivocadas que fizeram sobre mim, eu jamais julguei ou condenei. Eu sempre estive, estou e estarei pronto para abraçar os meus filhos.

Pois bem, no final de tudo, eu decidi enviar uma pessoa. Eu decidi enviar a pessoa de Jesus para ajudar a cada um deles a ver bem de pertinho quem eu realmente sou. Eu espero que eles possam aprender com as respostas de Jesus. Eu espero que eles possam aprender com a sua maneira doce e serena de tratar as mulheres, acolher os pobres, perdoar os chamados pecadores, e sobretudo, como eu recebo, converso e amo passar tempo com as crianças, pois delas, e aos que são semelhantes a elas, devido a verdade e sinceridade que habitam dentro dos seus coraçãozinhos, pertence o reino dos céus. Crianças exatamente como você!

Com carinho,

Deus.

Fábio Muniz

Collonges-au-Mont-d’Or

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