…E converterá o coração dos pais aos filhos e o coração dos filhos a seus pais; para que eu não venha e fira a terra com maldição.
Malaquias 4:6
Bom dia meus amigos queridos da jornada!
Você é pai? Você é mãe?
Se você tem o papel de pai ou mãe, você sabe muito bem que ser pai ou mãe é um dos papéis mais extraordinariamente belos da existência humana, tanto quanto paradoxalmente, um dos mais difíceis e complexos…
Ora, caso você não seja nem pai ou mãe, você é filho ou filha.
Portanto, é com você que eu estou falando também…
Este é um chamado para todos nós!
Esta é uma trilha que poucos percorrem…
Somos eternos aprendizes. Não nascemos sabendo. Não nascemos com um software instalado em nossos cérebros que nos ajuda a educar os nossos filhos. Não temos programações prontas para saber como responder aos nossos pais…
Eu me lembro que quando a minha primeira menina Sophia nasceu, eu já tinha lido muitos artigos na Internet, participado de cursos com a minha esposa, e depois a “formação acadêmica” seguiu crescendo exponencialmente…
Tal formação não parou mais…
Aliás, a minha querida esposa vem dos Estados Unidos e é apaixonada pela leitura e metodologia de um milhão de assuntos…
Eu sou apaixonado pela leitura também. No entanto, logo no início da nossa jornada como pais, eu percebi que as teorias ficariam muito aquém e abaixo daquilo que se tornaria uma esteira na existência de um aprendizado eterno e um caminho que poucos aprendem a trilhar: um caminho da humildade de saber que sabemos muito pouco e o que prevalece é a estrada do amor…
Dito isto, quando nasceu a minha segunda filhinha no Japão, a Júlia, eu já estava consciente do significado de ser pai. Mas, ainda não havia vivido a intensidade de ter duas meninas pequenas, viajar o mundo inteiro, transitar em 3 ou 4 idiomas, sem a ajuda dos meus pais ou sogros por vivermos longe deles, sem a presença de familiares, tio ou tias, primos ou primas, e jamais imaginei, que a Sophia com 2 anos de idade estaria voando para Fujisawa, Japão, tendo o número 33 como número de voos realizados até aquele dia…
Pois bem, este preâmbulo é simplesmente para falar algo que tem a ver comigo e com você porque estamos em um terreno onde psicólogos do Mackenzie podem tentar nos ajudar, professores da Harvard podem opinar, filósofos e educadores da Oxford podem nos ajudar a entender…
No entanto, é apenas com os nossos erros e acertos…
É apenas com jornadas cansadíssimas e que parecem intermináveis…
É apenas sendo suficientemente honestos com nós mesmos, com os nossos filhos, com os nossos pais…
Aprendemos…
Aprendemos que os dias são longos e os anos voam…
A Sophia já tem 8 anos. A Júlia acaba de fazer 5 anos. Parece que foi ontem…
Mas, quando o dia começa e quando o dia acaba, estamos exaustos…
Parece que nunca vai acabar…
O texto acima na coluna é um versículo da Bíblia Sagrada, vindo especificamente da tradição judaica-cristã, do chamado Velho Testamento…
A sua autoria está relacionada com o profeta Malaquias que viveu 5 séculos a.C. e resume um conceito válido para qualquer geração, cultura e idioma…
Este conceito não tem data de expiração!
Na realidade, a conversão dos pais aos filhos, e a conversão dos filhos aos pais tem a ver com o respeito…
Tem a ver com a paciência de escutar o papai ainda que ele me conte a mesma história 10 mil vezes…
Tem a ver com o fato de saber que a minha filha utilizará os meios tecnológicos com muito mais facilidade do que eu…
Tem a ver com as diferenças geracionais…
Tem a ver com a consciência de ser filho e poder dar saltos em conhecimento e “deixar para trás” papai ou mamãe em alguns assuntos que posso dominar, mas jamais estarei na frente deles quando o assunto for experiência na existência, trato da dor e da perda, e sobretudo sabedoria prática…
Ora, melhorar os nossos pais em nós para não cometermos os mesmos equívocos é o significado de “Honrar pai e mãe…”
Ao mesmo tempo eu devo ter a consciência que as minhas filhas me melhorarão nelas mesmas…
Acabo de voltar da Grécia. Estive sozinho em Atenas e Patmos. Enquanto estava trabalhando, viajando, visitando lugares históricos, me reunindo com colegas de projetos…
Eu me lembrei com muito carinho da Johnna, Sophia e Júlia…
Você me perguntará: “E porque tal lembrança te veio na mente, Fábio?”
Porque eu passei por algumas das ruas que todos nós, eu, a minha esposa, e as nossas meninas, tínhamos passado quando visitamos Atenas há aproximadamente 3 anos antes da era COVID-19.
Não preciso dizer que naquela primeira viagem não consegui produzir 1/3 daquilo que produzi nesta última semana, trabalhando intensamente na geografia grega e dormindo entre 4 e 5 horas por noite…
Entender as estações da vida é uma sabedoria que todos nós somos convidados a abraçar. Entender que a vida com crianças pequenas, nos traz um outro ritmo de música, um outro tom, um diferente diapasão com respeito a ter crianças na adolescência ou em fase adulta…
Na realidade, o conceito é imutável: a conversão dos pais aos filhos e vice-versa é o único antídoto contra a maldição do desamor e desafeto, da divisão e do rancor.
Nunca é tarde demais para que este processo se instale dentro de nós.
Seja eu ou você pai, mãe, filho ou filha.
Somos convidados a fazer esta jornada da conversão todos os dias, apesar de ser uma trilha pouco percorrida.
Boa semana a todos vocês!
Fábio
Collonges-au-Mont-d’Or
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