Quando os teus filhos te ensinam sobre espiritualidade  

Bom dia meus queridos amigos,

A Johnna segue nos Estados Unidos. No total, serão 10 dias que estarei cuidando da casa, cozinhando, levando e trazendo as meninas na escola, organizando algumas das nossas atividades, escola de música, dentista, acordando às 6 da manhã, indo dormir depois da meia-noite para dar conta de e-mails, dos estudos, abrindo e fechando o nosso Café Cultural Fusion, e a lista segue.

Enfim, estou “me virando” em 10 como cresci ouvindo tal expressão em Português.

Pois bem, quem me conhece sabe que sou um “pai coruja”.

Aos 8 graus, mas se abriu um solzinho no inverno, assim a gente faz um bom picnic!

A Johnna não acreditou quando viu um colchão jogado no chão entre as camas das meninas. As duas se jogam do meu lado toda a noite e a gente conversa.

É nesta hora que penso no amor de Deus para com os seus filhos e por cada ser humano, quando comparo o meu amor tão humano e limitado, imperfeito e impaciente para com as minhas filhas.

Ora, se eu que sou pai e amo assim as minhas filhas, quanto mais Deus que é Deus Infinito, Eterno e Perfeito?

Ele nos ama incondicionalmente!

Não há absolutamente nada que eu possa fazer “melhor” para que Deus me ame mais.

Não há nada que eu possa fazer “pior” para que Deus me ame menos.

Será que podemos confiar nEle? Será que podemos entregar o nosso futuro para Ele? Será que Ele cuida de cada um de nós como eu estou cuidando com tanto carinho das minhas filhas estes dias para que não lhes faltem nada?

Assim a gente aprende com os filhos sobre espiritualidade no chão da vida.

A Júlia nasceu no Japão. A Sophia passou 2 anos indo na escola no Japão também. Não me impressiono que elas sempre me pedem para comer comida japonesa.

Aliás, eu achei interessantíssimo quando fomos ao supermercado e a pessoa que estava no caixa, não foi muito agradável. Ao voltar para o carro, eu ouvi as meninas comentando sobre a garota. Elas perceberam. A Júlia disse que tinha vontade de gritar quando viu a falta de educação dela. A Sophia não acreditou como alguém poderia trabalhar neste estado emocional enquanto atendia aos clientes. Eu participei da conversa dizendo que quando me dei conta do seu comportamento, fiz uma rápida oração na mente, e me segurei também, porque a minha vontade era lhe responder do mesmo jeito.

No chão da vida, a espiritualidade que surge das coisas ordinárias inclui tempo para pipoca e cineminha.

Terminamos o dia falando deste episódio, mas lembrando de todas as outras pessoas que encontramos naquela tarde, e foram “anjinhos” no nosso caminho, todas as conversas agradáveis, todas as pessoas simpáticas que carregaram o espírito que encontramos nas narrativas dos Evangelhos de Jesus.

Foi um exercício espiritual maravilhoso comparando tal experiência negativa com uma multidão de experiências de luz e de encontro humano.

Assim a gente aprende com os filhos sobre espiritualidade no chão da vida.

Não posso deixar de escrever sobre a última experiência: A Sophia me disse que o seu gorro azul estava rasgado. Ela começou a chorar muito. Era o gorro que comprei para ela em Valência, na Espanha. Era um presente de Natal. Não tinha como comprar outro. Enquanto ela expressava a sua tristeza porque tinha aberto um buraco enorme no seu gorro e o pom-pom tinha caído no chão, eu a abracei bem forte com todo carinho.

Ao mesmo tempo, a Júlia veio e nos abraçou. Um gesto lindo da irmã mais nova. Quando me dei conta, a Júlia estava pegando o seu próprio gorro, que também tinha sido um presente de Natal, e ofereceu para a sua irmãzinha como presente.

Um gesto que jamais esquecerei!

Assim a gente aprende com os filhos sobre espiritualidade no chão da vida.

Um dos meus livros favoritos é do autor Henri J. M. Nouwen, Discernment: Reading the Signs of Daily Life porque nos ensina a ver o Divino, as lições eternas, a espiritualidade no dia a dia da nossa existência e dentro daquilo que se chama ordinário.

Você sabe por que?

A razão é simples, porque com muita frequência, as lições mais extraordinárias da vida vêm das nossas experiências ordinárias. Cabe a nós tão somente discerni-las.

Já ia me esquecendo.

Uma amiga querida costurou o gorro. Eu pedi para a Júlia fazer uma surpresa.

Missão cumprida: gorro costurado!

A Sophia fechou os olhos, e a Júlia lhe entregou o gorro costurado, e lindo tal e como era antes de ser rasgado. Foi uma experiência indizível ver a alegria da Sophia.

Assim a gente aprende com os filhos sobre espiritualidade no chão da vida.

Até a próxima!

Collonges-au-Mont-d’Or

 

 

 

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Imagens: Arquivo pessoal do colunista

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