Seja um “SINGA” neste Natal!

Bom dia meus queridos amigos,

Quando eu conheci a minha esposa na Bélgica, ela já era uma ponte cultural e uma “SINGA” entre congoleses e belgas, norte-americanos e europeus. Conquanto ela tenha aprendido, e se comunicasse em Francês com os congoleses, ela ouvia constantemente o Lingala que é também uma das línguas nacionais da República Democrática do Congo.

Nesta semana eu iniciei um novo projeto em Lyon. Nós temos quase 30 atividades no projeto Fusão Cultural em Lyon que se imiscuem com palestras e grupos de espiritualidade, desenvolvimento pessoal, e de integração na sociedade francesa tanto quanto europeia.

Dentro destes projetos, há um mundo de quase 200 pessoas por semana que passam e transitam por nós e representam quase 70 nacionalidades.

Pois bem, eu decidi convidá-los para passar um fim de tarde com gente que eles não conhecem. Gente que chegou em Lyon faz muito tempo. Gente que chegou em Lyon faz pouco tempo. Gente que não tem família, gente que mal sabe falar “bonjour”.

Eles não conhecem praticamente ninguém, eles chegaram como engenheiros, professores ou carregam diplomas e mestrados, mas pelas limitações de comunicabilidade não podem ser o que eram em seus países de origens.

São indivíduos que sofrem uma nostalgia extraordinária da cultura de onde eles vieram, saudades do cheiro da comida, saudades dos barulhos, da natureza e dos gostos e sabores que ficaram na saudade de um tempo e espaço que talvez nunca mais voltará.

São indivíduos que saíram e buscaram asilo na França devido situações extremas de guerra, perseguições políticas, conflitos religiosos, fome incontrolável, entre dezenas de outras razões.

São indivíduos que normalmente não podem se apresentar nas redes sociais, pois poderiam ser perseguidos uma vez localizados.

Eu estou falando de um grupo imenso e um mar de pessoas que tem a ver com os refugiados na Europa. Eu poderia seguir escrevendo um livro. Mas, vou parar por aqui.

No entanto, antes de terminar devo dizer que admiro imensamente a excelente ONG francesa que se chama SINGA que acolhe refugiados em Lyon.

Quero também dizer que tive o privilégio de ser um “SINGA” ao levar voluntários dos nossos projetos para se juntar aos múltiplos projetos existentes na SINGA. E talvez você me pergunta, “Fábio o que significa SINGA ?”

Na última quarta-feira quando me deram a palavra e me pediram para explicar quem eu era, de onde vinha e o que todo o grupo que havia trazido estava fazendo ali. Eu simplesmente disse, “Hoje eu tenho o prazer e o privilégio de ser um “SINGA” entre vocês ao trazer gente dos projetos Fusão Cultural ao projeto SINGA que tem oferecido um teto, um lar, uma comunidade para tanta gente que se sente sozinha, e se sente tão impotente num país de gente diferente, cultura diferente, língua diferente”.

SINGA é uma palavra em Lingala que significa aquele que conecta, faz pontes, faz vínculos, se torna um instrumento para unir dois pontos.

Isto posto, eu te convido para ser um “SINGA” neste Natal.

Seja um “SINGA” no teu contexto. Seja um “SINGA” entre os teus.

Seja um “SINGA” de paz onde possa haver discórdia, seja um “SINGA” de unidade onde possa haver divisão, seja um “SINGA” de fraternidade onde possa existir egoísmo.

Seja um indivíduo de pontes e conexões carregando a mensagem da justiça, do amor, da compaixão, e do olhar generoso. Afinal, esta é a mensagem do Natal que carrega intrinsicamente as qualidades que são vistas e observadas na vida de Jesus segundo as narrativas dos Evangelhos.

Nesta Natal não se esqueça tampouco que o próprio menino Jesus tanto quanto Maria e José entenderam o significado esmagador de serem refugiados, pois eles mesmos tiveram que se esconder, escapar e se refugiar no Egito devido a perseguição odiosa e da ameaça homicida do rei Herodes.

Pense nisto!

Um beijo grande a todos vocês.

E até a próxima!

Collonges-au-Mont-d’Or

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