Aparecida Miranda: Psicofisiologia do estresse

estresse

Quando nosso cérebro interpreta alguma situação como ameaçadora, todo nosso organismo passa a desenvolver uma série de alterações, como consequência direta dos persistentes esforços adaptativos à situação existencial e nem sempre é um fator de desgaste emocional e físico, e sim, é um mecanismo natural de defesa do organismo.

Os agentes estressores podem ser classificados como sensoriais ou físicos, psicológicos e infecciosos. Essa situação pode ser de perigo ou raiva, mas também de alegria e felicidade.

O estresse psicológico acontece quando o sistema nervoso central é ativado através de mecanismos puramente cognitivos, sem qualquer contato com o organismo. Incluem todos os eventos que podem alterar o cotidiano, como a morte de um parente próximo, a separação, a aposentadoria, o casamento, os problemas no trabalho. A importância de agentes estressores psicossomáticos hoje é amplamente reconhecida, sendo tão potentes quanto os microorganismos ou a insalubridade, no desencadeamento das doenças.

O estresse pode causar dois tipos de alterações: biológicas e físicas.

Nas alterações biológicas ligadas ao estresse, a reação do organismo aos agentes estressores tem um propósito evolutivo. É uma resposta ao perigo, que Selye dividiu em três estágios: no primeiro estágio, o corpo reconhece o agente estressor e ativa o sistema neuroendócrino. As glândulas adrenais, ou supra-renais, passam a produzir e liberar os hormônios do estresse, que aceleram o batimento cardíaco, dilatam as pupilas, aumentam a sudorese e os níveis de açúcar no sangue, reduzem a digestão, contraem o baço e causa imunossupressão.

O segundo estágio é a fase de resistência ou adaptação, que ocorre caso o agente estressor mantenha sua ação. Nesta fase o organismo repara os danos causados pela reação de alarme, reduzindo os níveis hormonais. É caracterizada pela reação de hiperatividade do córtex da supra-renal sob imediação diencéfalo-hipofisiária. A hipófise tem ligação direta com os sinais desta fase, pois em experimentos realizados com animais, onde a hipófise foi retirada, esta fase não ocorreu.  Neste estágio o sangue encontra-se em rarefação e ocorre o anabolismo. A fase de resistência é caracterizada pelo aumento do córtex da supra-renal; pela atrofia do timo, baço e todas as estruturas linfáticas, hemodiluição, aumento do número de glóbulos brancos, diminuição do número de eosinófilos, ulcerações no aparelho digestivo; aumento da secreção de cloro na corrente sanguínea, irritabilidade, insônia, mudança de humor, diminuição do desejo sexual.

O terceiro estágio denominado como exaustão pode provocar o surgimento de uma doença associada a condição estressante. O estresse agudo repetido inúmeras vezes pode, por essa razão, trazer consequências desagradáveis, incluindo disfunção das defesas imunológicas. De modo geral, pode-se afirmar que o organismo humano está muito bem adaptado para lidar com o estresse agudo, se ele não ocorre com muita frequência, mas quando essa condição se torna repetitiva ou crônica, seus efeitos se multiplicam em cascata, desgastando seriamente o organismo.

Os efeitos psicológicos podem ser divididos em cognitivos, ligados ao pensamento e ao conhecimento e emocionais, ligados aos sentimentos, emoções e personalidade; comportamentais, relacionados igualmente a fatores cognitivos e afetivos.

Os efeitos cognitivos do excesso de estresse são o decréscimo da concentração e da extensão da atenção, já os efeitos emocionais do excesso do estresse são o aumento das tensões físicas e psicológicas. Os efeitos comportamentais do excesso de estresse são o aumento dos problemas de articulação verbal.

Podemos dizer que o estresse nem sempre é um fator de desgaste emocional e físico, e sim, um mecanismo natural de defesa do organismo. Recebe os estímulos internos e externos através do sistema nervoso e dependendo da forma com que esses estímulos são enfrentados, poderão provocar alterações psicológicas e biológicas negativas, podendo levar ao estresse crônico. Sendo assim, ocorrem alterações fisiológicas que poderão desencadear vários tipos de doenças psicossomáticas. O estresse psicológico é, de modo geral, um fator de risco para o desenvolvimento de inúmeras doenças.

 

Gostaria de sugerir algum tema? Ficou com alguma dúvida? Escreva para aparecidamirandapsicologa@gmail.com

 

Até a próxima semana, com mais temas importantes para vocês!

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