Letícia Bellusci: Culpa Materna

Se existe desafio maior do que criar os filhos, eu desconheço. Mesmo tentando o nosso máximo, ainda faremos inúmeras coisas erradas. Estudando sobre o tema, escutei um podcast no qual o psicólogo criticava a frase “a família é a base de tudo”. Nunca tinha pensado como ele, aliás, sempre repeti essa frase e acreditei nela. Mas ele aponta como esse pensamento pode ser um promotor da culpa materna. Ele argumenta que a família não merece isso, tendo o direito de ser fraca para conseguir ser mais humana. E conclui que precisamos olhar para nossas famílias com mais amor e empatia!

Desde que comecei a estudar sobre humanização esse tema surge em todos os lugares para mim! Foi uma grande surpresa perceber que precisamos humanizar a dinâmica familiar e que essa frase tão comum em nossa cultura promovia a perfeição, e depois, me culpei por não ter pensado nisso antes! Sofro de culpa materna e de culpa profissional também. Afinal, eu que falo tanto sobre maternidade real, feminismo, empatia e humanização, como não percebi a força dessa frase em nossa sociedade? Logo eu, que falo tanto “Pai não ajuda! Exerce a paternidade!” ou “Não se sinta culpada, depende da sua dinâmica familiar! Cada um é de um jeito! Não se compare!”, como não pensei na necessidade de humanizar a nossa dinâmica familiar. Porque fui criada na mesma sociedade que culpa a mãe que trabalha muito, por exemplo.

A família não pode ser a base de tudo, de forma tão rígida, precisamos mostrar nossas imperfeições. Não conseguiremos dar suporte sempre, pois somos vulneráveis, e entender essa vulnerabilidade, faz com que tenhamos mais empatia e respeito um pelo outro. Nossos filhos precisão enxergar a gente como pessoas que erram também, e que estão tentando evoluir sempre. Assim ficamos mais acessíveis, e torna-se mais fácil pertencer a família. Não cobra a perfeição. Não cobra mãe. Não cobra ninguém. Todos evoluem juntos, de maneira leve, com muito amor, respeito e empatia! Lindo, não é? Mas não é tão simples assim! Precisamos desconstruir muitos pensamentos e ressignificar muitas coisas. Mais uma coluna que concluo que precisamos de muita terapia!

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