Inicio o texto com a palavra “depende”.
Do ponto de vista conceitual, ambos, Treinamento Funcional e Musculação tradicional, são baseados no treinamento de força. Isso inviabilizaria a combinação. Porém, embora ambos usem os exercícios de força como pilares, os objetivos são diferentes e, consequentemente, a manipulação das variáveis também difere, o que torna a combinação possível. Essa combinação é sugerida no position stand do ACSM (2011), porém o posicionamento traz limitadas informações.
Na musculação tradicional, o foco costuma ser sobre a força e a hipertrofia muscular. Para isso, os programas mais utilizados de treinamento se baseiam em exercícios com foco sobre um ou poucos grupos musculares, geralmente, executados com volume e intensidade elevados (ex. muitas séries, cargas elevadas).
Já no treinamento funcional, o objetivo primário é a adaptação multissistêmica, ou seja, o aprimoramento integrado e equilibrado de todas as capacidades físicas (força, coordenação, equilíbrio, flexibilidade, etc.). Para isso, os programas usam exercícios com características mais globais, que distribuem a sobrecarga entre vários grupos musculares, priorizando a complexidade (nível de dificuldade técnica do exercício).
Considerando o exposto, desde que, de fato, a MUSCULAÇÃO tradicional enfatize VOLUME e INTENSIDADE e o TREINAMENTO FUNCIONAL enfatize a COMPLEXIDADE, a combinação é possível e poderá ampliar os benefícios do treinamento. Adicionalmente, a minha sugestão é priorizar um dos dois, reduzindo a frequência semanal do outro.
Cabe ressaltar que muitas modalidades de treinamento funcional de alta intensidade (tipo “cross”) combinam altos níveis de volume, intensidade e complexidade na mesma sessão de treino. Nesse caso, a combinação com a musculação tradicional pode não ser viável.