Mikel Izquierdo é o maior pesquisador do mundo sobre treinamento para idosos, especialmente idosos frágeis. O que se tem visto recorrentemente é que a prática sistematizada de exercício, especialmente os de força, pode reverter perdas funcionais e tratar diversos problemas de saúde, devolvendo qualidade de vida e aumentando a longevidade.
Em um artigo intitulado “É ético não prescrever atividades físicas para idosos frágeis?”, Izquierdo et al. (2016) trazem reflexões importantes. Por exemplo, a idade traz diversos problemas (diabetes, hipertensão, sarcopenia, osteoporose…), resultando na prescrição de uma grande quantidade de medicamentos. A consequência é um elevado gasto financeiro e diversos efeitos colaterais. O exercício, por sua vez, é uma intervenção que pode atuar em diversas dessas patologias a um custo mínimo. Por exemplo, trata-se sarcopenia e acaba-se tratando osteorpose; treinamos um diabético e, de quebra, melhoramos sua pressão arterial. Existem, inclusive, estudos do grupo do Mikel no qual pessoas com demência melhoram não apenas a capacidade funcional, mas também a cognitiva, após poucas semanas de treinamento!
É importante lembrar que manter a capacidade funcional, autonomia e independência durante são objetivos do envelhecimento saudável, um termo estabelecido pela própria Organização Mundial de Saúde. A pergunta é: se as evidências e benefícios são incontestáveis, por que apenas uma pequena parte dos idosos faz exercícios, especialmente os de força?
A causa não é única, mas certamente cada um (médicos, indústria farmacêutica, profissional de Educação Física, etc.) deveria refletir. Com relação à minha área, eu pergunto: quantos se veem como agentes de saúde? Quantos se preparam para melhorarem a vida das pessoas? Minha tristeza é ver que estamos mais preocupados com bundas do que com vidas.
—
PROFESSOR EDSON ANDREOLI
CREF: 073656-G/SP