Diante do Estádio Cícero Pompeu de Toledo, o narrador esportivo Silvio Luiz, gênio e criador de bordões que marcaram gerações, certamente diria …”Pelas Barbas do Profeta…”.
Das barbas do profeta, eu nada sei, mas esse era mais um domingo glorioso de Clássico.
Campeonato Paulista de 1971, São Paulo X Palmeiras.
Os torcedores se acotovelam nas arquibancadas e traziam toda sua torcida armazenada nas palavras dos narradores e comentaristas que prometiam um espetáculo para ficar na história.
Torcedores surgiam de todos os lados, com bandeiras, fogos, família, camisetas e gritos de apoio ao seu time do coração.
Os ânimos acirrados e as trocas de farpas faziam os personagens convocarem seus torcedores fiéis no estádio. Custe o que Custar!
Os São Paulinos diziam que o Leivinha do Palmeiras, pintava os cabelos, e assim parecerem mais loiros e esvoaçantes e o Leivinha jurava que só usava casca de cebola, algo bem natural.
Isso na verdade, nunca se soube ao certo por que esse era um problema que a TV da época, em preto e branco, nunca seria capaz de resolver…
O Estádio Cícero Pompeu, mais conhecido por Morumbi, palco de tantas decisões nacionais e internacionais e exibições da Seleção Brasileira apresentava a “prata da casa” ….
No comando do São Paulo, Oswaldo Brandão (respeitado técnico, conceituado e um homem de muita fé) escalou Sérgio, Forlan, Jurandir, Arlindo, Gilberto, Edson, Pedro Rocha, Gerson, Terto, Toninho
Guerreiro e Paraná.
No comando do Palmeiras, Mário Travaglini que escolheu seus melhores atletas para representarem a Academia Palestrina, escalou Leão, Eurico, Luiz Pereira, Minuca, Dé, Dudu, Ademir da Guia, Edu, Leivinha, César e Pio.
Para ser Campeão de 1971 ao São Paulo, bastaria um empate e ao Palmeiras uma vitória simples.
No meio de campo, o Árbitro Armando Marques, que se faça justiça, seu nome de batismo era Armando Nunes Castanheira da Rosa Marques. E seus auxiliares os então bandeirinhas Dulcidio Wanderley Boschilia e José de Oliveira.
Como todos os Clássicos muita emoção e ansiedade entre os jogadores e torcida.
Armando Marques era um árbitro de porte altivo e muito carismático e sabia que todos os holofotes estavam voltados para a partida. E seus personagens.
Toninho Guerreiro ídolo gigante e admirado até por seus adversários faz um gol aos 5 minutos do primeiro tempo….E juram quem me contou que o Estádio tremeu!
Mas Leivinha, do Palmeiras, faz um gol de cabeça, certeiro…deixando tudo igual, até que …
Armando viu que o gol precisava ser anulado, achou que era gol de mão, então invalidou. …
A torcida e os jogadores se manifestaram e o juiz não quis conversa, até que ….
Dulcidio Wanderley Boschilia, correu até o círculo central e defendeu veemente a validade do gol de Leivinha.
Eu vi foi de cabeça! Disse Dulcidio que não se fez de rogado e argumentou mais ainda contra a decisão do apitador!
Bem, essa rusga tomou proporções gigantes e por muitos anos Armando e Dulcidio não se conversaram, não se misturaram como água e óleo.
O que é certo…?
Os juízes são seres humanos e forjados com o mais severo dos treinamentos, em sala de aula, em atividades físicas, aprendem as regras do jogo e da arbitragem e o discernimento para sua aplicação.
São viagens exaustivas, longe de suas famílias.
Em cidades de poucos recursos e times de 3 divisão, nos campos de terra batida e sem banheiro.
Jogos na Casa de Detenção de São Paulo, antigo Carandiru.
E uma vez me perguntaram….
Seu pai era mesmo tão bravo assim mesmo?
Sim…respondi!
Mas é por que vocês não conheceram minha vó Nair, ela sim era uma fera, resolvia tudo na Tamancada!!!
Semana que vem….aguardem….!
O juiz que deu 3 tiros dentro do vestiário para sair vivo!
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