Nesta semana, ao me dirigir ao caixa de uma farmácia após algumas compras, reparei que na minha frente estava sendo atendida uma senhora aparentando ter mais de 70 anos. Após o pagamento com cartão de débito, ela colocou tudo em um saquinho e ao sair do estabelecimento percebi que se desequilibrou, mas, felizmente, conseguiu se apoiar no balcão.
Notei que ela não estava bem, me deu a impressão que teve leve tontura ou desequilíbrio momentâneo. Me aproximei e indaguei se precisava de ajuda. A idosa, com certa altivez, disse que não, mas era nítido que precisava se restabelecer para seguir caminho de volta à sua casa.
A gerente da farmácia ofereceu uma cadeira para que sentasse e trouxe um copo com água. Naquele momento fiz uma indagação à idosa:
“A senhora já pensou em usar uma bengala para servir de apoio? ”
A resposta foi ríspida:
“Esse tipo de tontura que tive é raro de acontecer. Não preciso de bengala”.
Resolvi levantar outro problema:
“A senhora está usando sapato com um pequeno salto, isso pode aumentar o risco de um tombo”.
Ela retrucou:
“Saiba que eu nunca caí”.
Com o intuito de alertá-la, repliquei:
“A senhora não caiu ainda, mas a probabilidade de que isso ocorra é muito grande, podendo redundar em fratura no ombro ou problema sério na bacia do fêmur”.
Esticando a conversa, contei a ela sobre duas idosas, moradoras de meu bairro já de longa data e minhas conhecidas, que moravam sozinhas e que, infelizmente, foram vítimas de tombos bem graves. Uma delas em casa e a outra na rua e que não conseguiram mais andar, mesmo após cirurgia.
Expliquei que elas sempre recusaram o uso de bengala e não queriam deixar a elegância do uso de sapato com salto. Lamentavelmente, perderam sua autonomia de locomoção, sua independência e o prazer de, a qualquer momento, irem aonde quiserem; encontram-se entravadas em cadeiras de rodas e dependentes de familiares.
Após ouvir atentamente minha triste narrativa, a interlocutora respirou fundo, agradeceu minhas palavras e disse que ia pensar a respeito dos conselhos em relação à segurança pessoal.
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Imagem: Espaço Vita