Nos últimos anos, é cada vez maior em São Paulo a construção de prédios com fachadas envidraçadas. No Rio de Janeiro isso já acontece há mais de duas décadas. Os arquitetos que questionei informaram que essa tendência foi motivada para propiciar mais embelezamento ao projeto. Outra novidade são as portas da entrada principal do condomínio serem, além de envidraçadas, bastante altas.
Estética arquitetônica não é minha especialidade, mas fiz questão de escrever este artigo para discorrer sobre a segurança desses empreendimentos.
Nesta semana tirei esta foto ao passar na frente de um edifício na Zona Oeste de São Paulo:
Repare que uma das folhas da porta envidraçada trincou e o síndico foi obrigado providenciar adesivo transparente para evitar possível quebra total ou, pior ainda, que alguém se corte ao passar a mão antes da reposição da peça.
O trincamento ou quebra dos vidros de fachadas de condomínios pode se dar das seguintes formas:
1) Ato de vandalismo.
2) Defeito de fabricação do vidro temperado.
3) Fixação errada do vidro por ferragens onde o instalador ultrapassa a força máxima de aperto dos parafusos, provocando a possibilidade de quebra do vidro em curto período.
4) Contato direto do vidro com a alvenaria/caixilho ou com parafuso de metal que pode provocar pontos de tensão quando o vidro se dilata em dias quentes, por exemplo. É recomendado o uso de calços, borrachas, silicones, arruelas de borracha ou plásticas, enfim, material que não permita o contato direto com o vidro.
Não poderia deixar de dizer que portas envidraçadas e de grande tamanho, principalmente na altura, como as utilizadas nas entradas de muitos edifícios, ficam demasiadamente pesadas, o que dificulta o fechamento natural do trinco. Muitas vezes, mesmo com mola aérea, portas envidraçadas apresentam dificuldades no fechamento total em razão do peso excessivo.
O perigo é maior para idosos e crianças que podem sofrer acidentes e até quedas no contato com portas envidraçadas pesadas.
Outro detalhe, é que a substituição do vidro quebrado ou estilhaçado nunca é tão rápida quanto necessário, podendo se tornar fator de vulnerabilidade para a segurança patrimonial.
Se construtores me pedissem orientação sobre esse tema, optaria pela tradicional fachada condominial com gradil e portas da clausura com pouco peso para facilitar o completo fechamento. Muitos moradores apenas largam a porta, acreditando que vai fechar de forma correta, mas no dia a dia acabam ficando entreabertas, muitas vezes por problema da fechadura mecânica.
É de se frisar, que toda vez que o porteiro perceber que a porta de entrada do condomínio está aberta, terá que sair da guarita e providenciar o fechamento; o que não é salutar para a segurança patrimonial.
JORGE LORDELLO