Nos últimos meses tive acesso a alguns vídeos e relatos de moradores de condomínios que foram assaltados enquanto esperavam para entrar pelo portão principal.
O que me chamou a atenção, foi a demora no acionamento dos portões de entrada dos referidos edifícios. Essa deficiência possibilitou a ação dos ladrões, que estavam a pé ou usando motocicletas. Importante esclarecer, que em relação aos casos avaliados, os bandidos desejavam subtrair os pertences das vítimas, tais como bolsas e aparelhos celulares e não invadir os prédios.
Vamos analisar caso concreto, que aconteceu no mês de junho/2020, no bairro Campestre, em Santo André/SP.
Observe essa moça andando com seu cachorro em direção a portaria do prédio:
Pelas imagens no vídeo que recebi, é possível perceber que ela anda rapidamente, pois, provavelmente, tinha percebido situação suspeita nas proximidades.
Quando chega na frente do portão social ela aciona o interfone.
Mas o portão não é aberto com a pressa desejada pela moradora.
Em pouquíssimos segundos surge ladrão numa moto:
O marginal, ao ver que a vítima não entrava no prédio, faz manobra, sobe na calçada e anuncia o assalto:
A pergunta que não quer calar é a seguinte:
“Esse assalto poderia ter sido evitado?”
Claro que sim. E a conta é simples. Senão, vejamos!
A moradora aciona o interfone às 20h35m04s. O bandido a aborda às 20h35m09s.
5 segundos seria tempo suficiente para a moradora ter entrado no condomínio e escapado do assalto.
Mas por que o porteiro demorou tanto para abrir o portão?
Não se pode culpar de plano o profissional de portaria. Se o prédio não conta com identificação biométrica dos moradores, caberá ao porteiro, inicialmente, identificar o condômino visualmente e em seguida acionar a abertura do portão principal.
Mas não é tão simples assim. Acompanhe o raciocínio.
O porteiro executa uma série de trabalhos na guarita. Além do atendimento de interfone, em muitos prédios, fica também responsável pela abertura dos portões da garagem. Não podemos esquecer que o porteiro poderia estar no toalete, arrumando alguma coisa no interior da portaria ou até mesmo bebendo água ou café.
A conclusão, é que ao se deixar a cargo do porteiro abrir o portão para morador através da identificação visual, dificilmente se terá a rapidez desejada. E em caso de perigo, essa demora pode ser fator determinante para que o crime seja consumado.
Mas qual a alternativa para que o processo de entrada do morador no condomínio seja o mais rápido possível?
É preciso tirar essa função das mãos do porteiro e passar a responsabilidade para cada morador.
O ideal é a instalação de equipamento biométrico para que o morador passe pela identificação eletrônica rapidamente e o portão seja aberto imediatamente após, agilizando, assim, o processo de ingresso na zona de clausura de pedestres.
Já o segundo portão pode ser aberto pelo porteiro ou pelo próprio morador ao passar novamente pelo equipamento biométrico. A decisão de quem vai abrir o segundo portão ficará a cargo da administração. Qualquer uma das opções têm prós e contras.
Mas qual a melhor opção quando o assunto é segurança?
A resposta depende da análise de dois fatores:
1) O fluxo de pedestres é alto, mediano ou baixo?
2) A clausura de pedestres é independente, ou seja, separada entre moradores e visitantes?
Portarias com fluxo alto de pedestres e carros, inevitavelmente, para agilizar o processo de entrada e saída, será necessário passar a responsabilidade ao morador no tocante a abertura dos dois portões de acesso.
Alerto síndicos que o ideal é ter entradas independentes enclausuradas para pessoas, conforme foto abaixo.
O prédio acima apresenta a melhor opção; as clausuras são distantes uma da outra. Já no edifício abaixo, temos as duas clausuras, uma ao lado da outra:
Portarias com duas clausuras são mais simples e seguras de embarcar biometria para que moradores possam entrar com maior rapidez enquanto pessoas estranhas são triadas pela portaria.
Outro ponto importante, é que com duas clausuras o morador pode entrar ou sair do condomínio sem contato físico com prestador ou entregador, pois os mesmos passarão pela outra área enclausurada.
Para terminar, é importante salientar que em prédios com Portaria Remota, geralmente, os moradores abrem os dois portões através de identificação biométrica, mesmo com uma clausura somente.
Jorge Lordello
Imagem 01: Freepik
Imagens 02, 03, 04, 05 e 06: fornecidas pelo colunista.