Jorge Lordello: Quadrilhas do PIX buscam entrar em condomínios. Como gerenciar esse tipo de sinistro?

Alerto os condomínios residenciais horizontais e verticais em relação a nova modalidade criminosa, que foi apelidada de “quadrilha do pix”. Manchetes em todos os veículos de comunicação noticiam, diariamente, assaltos envolvendo aplicativos de bancos com transferências de vultosas quantias em dinheiro através do PIX.

Mas Lordello, o que isso tem a ver com os condomínios?

Tenho sido informado que muitas vítimas mantidas como reféns de marginais em carros, na modalidade sequestro relâmpago, acabam sendo levadas para suas moradias. A intenção dos bandidos é ter acesso a aparelhos celulares de outros familiares e com isso promover transferências rápidas de dinheiro.

Um dos casos que tive acesso aconteceu no bairro de Osasco/SP. Uma médica foi abordada num estacionamento após realizar algumas compras em uma farmácia. Durante 2 horas os marginais a mantiveram refém em seu próprio auto. Após subtraírem cerca de R$ 40 mil através do PIX, decidiram ir ao condomínio onde ela morava, isso para ter acesso ao celular do esposo, que estava no apartamento naquele horário.

A vítima, ameaçada de morte, conduziu o auto até seu edifício acompanhada por dois ladrões armados na qualidade de passageiros. Após estacionar o carro na vaga, subiram pelo elevador sem levantar suspeitas e assim o marido da vítima foi rendido com facilidade e obrigado a desbloquear os três aplicativos de Bancos contidos em seu celular. Em menos de uma hora, mais de R$ 50 mil reais foram transferidos. Para piorar a situação, os marginais pegaram os objetos de valor do apartamento e fugiram facilmente com o veículo da própria vítima.

Recentemente, ministrei palestra on line para quase 50 síndicos sobre o tema segurança condominial. Tive que agregar em minha apresentação essa nova modalidade criminosa, conhecida como “quadrilha do Pix”, que tem voltado suas garras para prédios e edifícios e também condomínios de casas.

A principal pergunta foi a seguinte:

Como o condomínio poderia identificar e gerenciar esse tipo de ocorrência, onde o morador é mantido como refém por ladrões armados?

Levantei esse debate durante minha apresentação através da plataforma Zoom. Muita gente pediu a palavra, mas ninguém conseguiu criar estratégia eficiente para atender esse tipo de demanda complicada e gerenciar o risco.

De acordo com pesquisa sobre procedimentos criminais, realizada por minha equipe, foram identificados inúmeros casos em que vítimas são rendidas por bandidos enquanto na direção de seus veículos e que, continuando o ato criminal, são forçadas a se dirigirem, geralmente por dupla de meliantes armados, para suas moradias.

Os marginais acreditam que com a vítima dirigindo o carro, menos suspeitas são levantadas na entrada de autos dos prédios.

Outro detalhe importante, é que somente condomínios de classe alta mantêm vigilantes armados na clausura de veículos para fazer checagem mais minuciosa do interior de autos dos moradores e prestadores de serviços.

Na falta desse agente de segurança, é, geralmente, o próprio morador que aciona os portões de acesso de autos, sendo que em alguns casos, o porteiro na guarita acaba abrindo o chamado segundo portão, de tal forma, que fica impossibilitado de enxergar o interior do auto, mesmo com câmera na clausura.

Portanto, a primeira conclusão é que dificilmente o colaborador da portaria consegue observar algum tipo de atitude suspeita. E mesmo que percebesse algo de estranho, qual providência deveria tomar?

 Levantei também essa discussão no curso que ministrei para dezenas de síndicos. Nenhum deles apresentou procedimento viável para atender esse tipo de sinistro. A única solução apresentada, foi a utilização de botão de pânico no controle remoto para abertura do portão da garagem, que no caso de entrada pela portaria de pedestres, poderia o morador rendido por bandidos usar o chamado dedo do pânico no equipamento biométrico digital.

Foi nesse momento da palestra que alguns síndicos alegaram que haviam substituído o controle remoto e a biometria digital pelo sistema “sem parar” e biometria facial. Com isso, não tinham mais a opção do botão de pânico silencioso. Ou seja, facilitaram de um lado mas perderam recurso importante de segurança do outro.

E se você fosse síndico, qual decisão tomaria?

Em breve estarei escrevendo artigo mostrando como o condomínio deve gerenciar o risco de morador rendido por bandidos que desejam ingressar pela entrada de autos ou de pedestres.

A estratégia que criei é baseada nos princípios de segurança envolvendo ocorrências relacionadas ao crime sequestro e de extorsão mediante sequestro.

Jorge Lordello

**O conteúdo e informação publicado é responsabilidade exclusiva do colunista e não expressa necessariamente a opinião deste site.

Imagem: Freepik

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